quarta-feira, maio 11, 2016

Um novo ciclo será retomado, a despeito do Golpe

Com o golpe seguindo o script, esgotou - se o ciclo da "Nova República" iniciada com a Constituição em 1988.

28 Anos depois, numa fase de colapso entramos em novo ciclo, em que a relação com o mundo global e a vida social é completamente distinta, complexa e simultaneamente fluida, para além de outras contradições.

Teremos pela frente algo muito pior que o centrão do PMDB e a neodependência e neoliberalismo dos tucanos.

É certo que o ciclo é político, mais que econômico, ainda assim, vale observar que a fase de colapso. Foi a época de enfrentamento a Sarney, Collor e FHC.

Em seguida avançamos para a fase de expansão, após 2003, com Lula e Dilma, confirmam o que caracteriza o ciclo com as duas fases, alternadamente. No plano político, mas, bem próximo daquilo que os economistas estudam desde, o russo, Kondratiev.

O sistema capitalista, em meio à conhecida simbiose entre política e economia gira em ciclos parecidos (Kondratiev fica sempre entre 25 e 30 anos), e assim conseguiu nas últimas décadas, na economia global, ampliar enormemente os seus tentáculos e os seus lucros.

Desta forma, eu penso que os processos políticos seguem cada vez mais o rumo do sistema de valores. Assim, os projetos nacionais, que por aqui nossas elites abandonaram de vez, terão cada vez menos espaços.

Os tempos vindouros serão muito mais complexos que possamos imaginar, em nossas lutas locais ou mesmo nacionais.

A perda no tapetão para a trama triangular "midiática-jurídica-parlamentar" de um governo reformador, de centro - esquerda dói, menos pelos enfrentamentos que se vislumbra no horizonte – nunca foi fácil - e mais pelo que se identifica de potencial de retrocesso não apenas político, mas civilizacional.

Teremos pela frente um estado de repressão, que já opera com formas coercitivas contra o cidadão e contra as organizações coletivas. Eles continuarão criminalizando as atuais organizações e tentarão impedir que outras surjam e sejam estruturadas, para enfrentar o governo de poucos e para os mesmos, no andar de cima.

Como estratégia, há que se evitar o voluntarismo. Mais, há que se fugir isolamento, que será uma das estratégias de quem chegou ao poder sem voto. Eles tentarão impor aos setores de esquerda formas que impeçam articulações em direção ao centro, que normalmente se busca pelo viés e caminho eleitoral.

O “saculejo golpista” – mesmo renegado - vale ainda para que nos lembremos - e nos livremos - da visão de que o evolucionismo é processo natural na história.

Nada nos garante isso. A não ser a disposição coletiva de lutar. Contra a barbárie, o fascismo e por relações civilizacionais e de bem-estar-social.

Esta luta exige inclusão social, vida solidária e compartilhada contra a qual o sistema de lucro trabalha diuturnamente e aqui no Brasil voltou a ganhar espaço para atuar com o golpe de hoje.

Seguimos na luta e em frente!

2 comentários:

Roland Scialom disse...

"Esta luta exige inclusão social, vida solidária e compartilhada contra a qual o sistema de lucro trabalha diuturnamente e aqui no Brasil voltou a ganhar espaço para atuar com o golpe de hoje". É isso aí. Mas estamos longe dessa opção porque vivemos ainda no mundo do espetáculo, a saber, muito futebol e copas, muita TV, muitos reveillons com muitos fogos de artifício, olimpíadas, etc, e o espetáculo pseudo religioso do lobby dos lideres de igrejas evangélicas no Congresso Nacional.

Luiz de Pinedo disse...

Como sempre os Fatos Históricos só são melhor compreendidos quando o tempo faz sua análise. Quando olhamos fatos históricos importantes como este que estamos vivenciando do Afastamento da Presidenta Eleita por voto popular e sem apresentar provas que comprovem a legitimidade do Processo de impeachment vivemos um tipo de Golpe que já ocorreu em outros momentos da História do Brasil. As Eleições de 2014 foram algo que os grupos de Centro-Direita não aceitaram o resultado das eleições para a Presidência da República.Existe um curso destruidor visando eliminar o PT como um importante porta voz de camadas importantes da população e dos movimentos trabalhistas e sociais. Este episódio já ocorreu em outros momentos da história do Brasil, quando os avanços sociais e políticos possibilitaram uma mudança na Agenda do Estado Brasileiro e sua democratização. Cabe a Sociedade Civil organizada e os movimentos sociais responderem este golpe contra a democracia em construção.