segunda-feira, maio 23, 2016

"Há mais de 60 anos não se descobre tão pouco petróleo"

O título da reportagem é do portal "Sábado" de Portugal que transcrevemos abaixo e reproduz avaliação do banco Morgan Stanley que atua fortemente no setor de petróleo que usam dados da respeitada consultoria norueguesa Rystad Energy, cujos relatórios acompanho com frequência.

O texto aponta aquilo que nos aguarda para o próximo ciclo petro-econômico, considerando que estamos na fase de colapso do ciclo que está se encerrando.

Assim, este nunca seria o momento de vender os ativos de qualquer forma e a qualquer preço, como querem os entreguistas. A avaliação é do banco Morgan Stanley que conhece o setor, seus riscos e oportunidades e tem histórico de investimentos no setor:

"Dois terços da demanda atual só podem ser satisfeitos através de campos em produção ou que já se encontram em desenvolvimento", como é o caso das nossas colossais reservas dos campos da área do Pré-sal.

A matéria diz textualmente que há 63 anos não se descobre tão pouco petróleo. 

Pois bem, aí está o grande desafio, quase uma contradição. O setor precisa de mais investimentos para descobrir novos campos ou reservas, com menos investimentos, por conta da contenção de investimentos devido as baixas receitas decorrentes dos baixos preços. Haverá necessidade de capitalizações para sustentar as dívidas para investir no desenvolvimento destas áreas promissoras.

Vou mais longe, ao estudar mais fontes sobre o assunto. São raras as hipóteses de descobertas de tanto volume, neste período seguinte em que o petróleo ainda será muito importante na matriz energética mundial, apesar das decisões da Cop-21.

Daí que sair entregando tudo neste momento da fase de baixa do ciclo, é não apenas um imenso equívoco, mas um crime de lesa-pátria considerando tratar-se de um bem inter-geracional. 
Os grifos são do blog:

"Há mais de 60 anos que não se descobria tão pouco petróleo"
"Tanto nos EUA como no resto do mundo, a descoberta de novas jazidas de ouro negro ficou em mínimos de 63 anos. A prazo, a travagem na descoberta pode abrir um gap entre procura e oferta, alerta o Morgan Stanley".


Por Paulo Zacarias Gomes - Jornal de Negócios

"As descobertas de petróleo travaram a fundo no ano passado, com 2015 a ser o ano em que menos jazidas foram detectadas desde 1952.

Segundo as contas de analistas do Morgan Stanley citando a Rystad Energy, divulgadas esta segunda-feira, 23 de Maio, foram descobertos 2,8 mil milhões (bilhões) de barris de petróleo em 2015 fora dos Estados Unidos, o que equivale a um mês de consumo a nível mundial. Incluindo aquele país, as descobertas aumentam para 12,1 mil milhões (bilhões), também o valor mais baixo em 63 anos.

Esta foi mais uma das consequências das fortes quedas do preço do petróleo nos mercados internacionais no ano passado, que levaram companhias como a Shell e a Exxon Mobil a cortarem o investimento em exploração perante o excesso de produção internacional e os sinais de abrandamento das principais economias do mundo.

A prazo, adverte o banco, o recuo na descoberta de novos poços pode levar a um distanciamento entre a oferta e a procura no futuro. Segundo o Morgan Stanley, mesmo com a previsão da queda mundial do consumo em 86 milhões de barris em 2030 devido aos compromissos para limitação do aumento da temperatura média mundial, cerca de dois terços da procura atual só podem ser satisfeitos através dos campos em produção ou que se encontram já em desenvolvimento.

Por outro lado, a reentrada de players no mercado – caso do Irã, abolidas que estão as sanções comerciais – poderá criar um efeito de compensação, ao derramar mais oferta a nível internacional.

O Morgan Stanley espera que as empresas em média gastem mais do que até ao momento nos próximos 25 anos para criar nova capacidade, mesmo tendo em conta a queda de fornecimento antecipada pela aplicação dos acordos do clima em Paris. Ainda assim, a atividade de exploração continua a ser "desafiante", perante a deterioração das receitas desta atividade nos últimos anos.

O preço das unidades de referência a nível internacional reage em direções distintas, com o West Texas Intermediate a registar os primeiros ganhos em quatro sessões, avançando 0,34% para 47,91 dólares por barril em Nova Iorque, enquanto o brent do Mar do Norte perde valor pela quarta sessão (-0,9% para 48,28 dólares).

A condicionar as negociações desta segunda-feira estão também o reinício de fornecimento de petróleo no Canadá, depois dos fogos florestais que lavraram durante semanas, e a continuação do aumento das exportações do Irã".

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