quinta-feira, março 10, 2011

Wikileaks: apresentador da TV Globo dava informações para a Casa Branca

Mais uma vez o Wikileaks divulgando os telegramas da embaixada e consulares americanos sobre a eleição de 2010 no Brasil. Quem foi agora flagrado foi o William Waack, jornalista e apresentador do Jornal da Globo. O vazamento das informações dá para perceber como se procede a influência americana nos bastidores da mídia partidarizada do Brasil. Veja alguns trechos: "O jornalista William Waack descreveu para o Cônsul de São Paulo um evento recente em que Serra, Rousseff, [Aécio] Neves e [Ciro] Gomes participaram. Segundo Waack, Gomes foi o mais forte de todos; Neves o mais carismático; Serra um pouco frio e desinteressado, mas competente; e Rousseff a menos coerente". "O jornalista William Waack anunciou, num almoço com o Cônsul Geral [de SP] em 4 de setembro [de 2009] que Serra e Aécio haviam selado um acordo, concordando em disputar juntos a eleição, com Serra na cabeça da chapa. Um segundo participante do almoço, o diretor do Instituto FHC Sérgio Fausto, expressou surpresa diante da afirmação de Waack, mas acrescentou que FHC não iria permitir que a rivalidade entre Serra e Neves dividisse o partido". O redator do consulado encerra o parágrafo concluindo que "uma combinação de Serra e Neves unificaria o PSDB e seria formidável." Em inglês você pode ler um dos telegramas sobre Willian Waack aqui. Já uma análise (em português) sobre este e outros telegramas você pode ler aqui.

3 comentários:

Sorella disse...

Não me surpreende. Leiam o livro "Falcão, meninos do tráfico", do MV Bill, e confiram o que ele nos conta deste jornalista.

Anônimo disse...

Lamentável!
Tempos atrás a imprensa vivia a pressão da CENSURA!
Hoje, o esquema é outro.
Podíamos ter uma imprensa informativa, mas o esquema [COMUM!] é de permissão em troca de "apoio" financeiro.

Unknown disse...

WikiLeaks e os mitos da democracia
(publicado na revista Caros Amigos)

A notoriedade conquistada pelo WikiLeaks teve inúmeros efeitos positivos, louvados à exaustão. Também conhecemos os questionamentos de seus adversários, alguns bem espinhosos e insolúveis, como os que debatem a necessidade de proteger dados governamentais estratégicos. Passado o furor das polêmicas iniciais, porém, é necessário apontar alguns equívocos menos evidentes de ambas as facções.
As informações divulgadas trouxeram pouca novidade àquilo que o leitor atento de jornais já sabia há décadas. Mesmo a infame perseguição a Julian Assange é típica do regime político em vigor nos EUA, que sempre combateu antagonistas com os instrumentos usados pelas chamadas ditaduras contra seus dissidentes. Assange, indefeso como qualquer cidadão comum, jamais escaparia das armadilhas jurídicas, econômicas e jornalísticas que esmagam quem ousa confrontar o “sistema”.
Apesar do discurso iconoclasta, ele precisou recorrer à mídia corporativa para legitimar-se e salvar a própria pele. Governos e empresas atingidos superaram o breve embaraço e voltaram às atividades obscuras de praxe. Assange serviu para elevar a audiência e aprimorar a blindagem de seus inimigos, e depois foi descartado. Pagou um preço demasiado apenas para confirmar que não existe liberdade de imprensa ou direito à informação no mundo real do poder, que esses princípios ocos alimentam fantasias convenientes à natureza totalitária da farsa democrática.
A ilusória força mobilizadora da internet ameniza nossa amedrontada submissão às engrenagens que não podemos (e talvez não queiramos) destruir. É enganosamente confortável denunciar injustiças e violências no ambiente inofensivo da virtualidade. O ativismo eletrônico, ainda que necessário, não basta para operar mudanças efetivas no cotidiano das populações. E pode também levar a inúteis sacrifícios pessoais.

www.guilhermescalzilli.blogspot.com