quarta-feira, setembro 02, 2015

Ainda não caiu a ficha nos municípios petrorrentistas

Ouvindo e analisando (com muito respeito) as várias opiniões sobre as consequências da quebra de receita dos municípios que viviam (vivem), basicamente, da renda do petróleo avalio que a ficha ainda não caiu.

Situação e oposições se acusam mutuamente com mais ou menos razões ou argumentos, mas ninguém se dispõe a colocar o guizo no pescoço dos gatos. Também com respeito.

A realidade é nua, crua e lamentável, porém acabou o milho e a pipoca das rendas generosas dos royalties na proporção que já foram.

A oportunidade foi perdida, culpas serão ou não compartilhadas e esculpidas.

Agora é fato que se terá que viver com menos. O que não era feito com muito, terá que ser, de alguma forma, construído com menos. Bem menos. Isto é fato.

É preciso dizer isto às pessoas, às instituições e à toda a sociedade.

É forte dizer “nunca”. Então digamos que será muito improvável que venhamos a ter em futuro próximo, ou mesmo distante, realidade de receita como a que já se teve.

A não compreensão desta realidade faz com que o debate se torne circular, rodando em torno do mesmo tema e baseado nos mesmos paradigmas.

Estes municípios terão que reaprender a viver e fazer mais com menos. Um outro paradigma, onde a eficiência, a participação popular terá que ser obrigatoriamente maior e mais ampla. Não há saída.

Há regiões e municípios país afora vivendo e tocando suas vidas, arrumando o que é possível arrumar, melhorando os índices de educação, de saúde e seguindo em frente.

Chorar os royalties derramado não ajudará a trazê-los de volta.

Maldizer quem a sim fez e agiu não é algo que fuja de nossa compreensão.

Ficar tomando benção a outros, novos ou velhos padrinhos, não tornarão o caminhar menos penoso, se a intenção for apenas apoio para a luta e batalha política de disputa pelo poder.

Se a intenção for outra e mais altruísta, de construir pontes e articulações, o gesto torna-se não apenas aceitável, mas necessário na linha de buscar formas e apoios para se reerguer diante da nova situação.

Porém, é preciso definitivamente entender que a realidade é outra. Este é o novo ponto de partida.

Assim, o olhar, a construção organização de ideias, vontades, propostas e um programa tem que sair de baixo, das bases.

Daí deverá sair a organização para seguir adiante, sem esquecer que é papel das gestões atender mais a quem mais precisa das gestões, sem, contudo, abandonar os demais setores da sociedade que é feita do todo.

Sem esta compreensão não há como seguir adiante.

PS.: Insisto em deixar claro que as questões aqui postas não se referem exclusivamente ao município de Campos dos Goytacazes, mas a todos os municípios petrorrentistas.

Um comentário:

Márcio Vitor Barbosa disse...

Foi avisado em prosa e verso que as receitas dos royalties do petróleo não eram eternas.