domingo, setembro 20, 2015

R$ 993 bilhões previstos de investimentos em petróleo na próxima década no Brasil, afirma a EPE

Há três dias este blog fez aqui um breve resumo do que está observando do mercado de petróleo no mundo, sobre interesses de investidores estrangeiros na área, a despeito da crise com o baixo preço do barril, previsto de ser mantido nos próximos anos.

Pois bem, no mesmo dia, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) lançou o seu plano decenal de energia 2015-2014. A despeito também dos problemas econômicos-políticos, a EPE fez previsão de investimentos para a próxima década 11% maiores do que o projetado no planejamento energético anterior.

A EPE faz previsão  de investimentos para geração de energia elétrica por tipo, de transmissão de energia elétrica e também para a indústria de óleo e gás, que segundo a empresa concentra 70,6% dos dos aportes em energia no Brasil.

Só para o setor de óleo e gás, entre 2015-2014, são estimados R$ 993 bilhões de investimentos. É bom lembrar que os investimentos não se referem apenas à Petrobras. O destaque será novamente na área de exploração e produção.

O plano estima a entrada em operação de 51 novas plataformas, entre 2015 e 2014, número bem maior que as 22 unidades previstas no plano de negócios da Petrobras.

A previsão da EPE é que a produção no Brasil chegue a 4 milhões de barris diários em 2020 e 5,1 milhões de barris/dia, em 2024. Agora em julho a produção total (óleo + gás) em barris equivalentes (boe/dia) já estava próximo dos 3 milhões.

Os dados do plano da EPE, mesmo que reajustados, por conta da crise internacional e seu rebatimento no Brasil, mostram que seguem a tendência do que já foi visto no cenário internacional. As áreas de exploração no Brasil são as que constam do mapa abaixo que faz parte do plano decenal.

Plano Decenal de Expansão de Energia 2015-2024 - EPE - P. 240.




































É conhecido o interesse estrangeiro na exploração das reservas petrolíferas no Brasil. Ele segue intenso e vai para além da expansão da Shell que no início deste ano, comprou a petrolífera britânica BG, especialmente, pelos ativos que esta possuía na área do pré-sal brasileiro. Sobre isto, merece ser relembrada a previsão da Shell (Valor, 08/04/2015) que estimou a sua produção já junto da BG, em 550 mil barris por dia em 2020. (Veja aqui)

Evidente que o clima que se criou na mídia comercial do Brasil, que disputa o poder político no país, este assunto, quando muito merece pé de página e muito desdém. Fato é que outros negócios estão sendo estruturados e serão anunciados em breve envolvendo parcerias da Petrobras e também investimentos de petroleiras estrangeiras já instaladas no Brasil.

Fica também fácil de identificar que esta previsão tende a impactar o estado do Rio de Janeiro que hoje possui, segundo autoridades do governo, 33% do seu PIB, ligado à cadeia produtiva do setor.

Isto porém, não deve inibir as ações de busca de uma diversificação econômica para o estado. Mais ainda, os municípios que vivem das petrorrendas (royalties) e não, propriamente da economia do petróleo.

O momento atual de redução destas receitas por conta da redução do preço do barril do petróleo no mercado internacional gerou a crise dos municípios e também um forte movimento, em todo o mundo de redução de custos das petroleiras. Porém, os números de investimentos previstos para o setor de óleo & Gás, tanto a nível internacional, quanto este da EPE sobre o Brasil, demonstram que as empresas do setor observam a conjuntura atual de uma forma diversa, comparado aos governos e a muitos consultores.

O Ministério de Minas e Energia - MME colocou em Consulta Pública, até 7 de outubro, este Plano Decenal de Energia 2024 (PDE 2024), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética - EPE. Ele é bastante detalhado em análises de cenários.

O documento de 466 páginas traz um nível grande detalhamento, não apenas sobre exploração e produção, mas também estimativas de produção e consumo de combustíveis. Entre eles, o blog posta abaixo, o gráfico previsão de produção x demanda de petróleo par ao Brasil até 2024 (P.265):




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