quinta-feira, setembro 17, 2015

Situação atual do mercado do petróleo no mundo e a relação com o Brasil

O preço do barril de petróleo segue abaixo dos US$ 50, o barril, apesar de ter subido hoje, para US$ 49,73. Há um excesso de oferta estimulada principalmente pela produção da Arábia Saudita, Rússia e EUA, e ainda antes mesmo que a produção do Irã se amplie, conforme expectativa de todos, após o acordo nuclear com os EUA.

Além da Rússia e Venezuela, agora o EUA já sente bastante as consequências do baixo preço do barril. A produção americana que já chegou a 9,6 milhões de barris por dia em abril, agora em agosto já reduziu 500 mil barris por dia para 9,1 milhões de barris por dia. Veja gráfico ao lado da Agência Internacional de Energia (AIE ou EIA) publicada pelo Valor (P.A11, 16/09/2015).

A EIA estima ainda que a queda se acentuará mais 400 ml barris por dia início até 2016, podendo descer para 8,6 milhões de barris ao longo do ano que vem diante da manutenção dos baixos valor do barril.

Os países ligados à Opep produziram 31,6 milhões de barris por dia em agosto, acima da meta de 30 milhões de barris diários.

Assim, a política de um dos principais membros da Opep, a Arábia Saudita, vai tendo sucesso na sua estratégia de manter elevado o volume de produção, mesmo com a redução dos preços para manter e, até ampliar o tamanho do seu mercado, ao mesmo tempo que vai tombando pelo caminho os produtores que possuem preços de produção próximos aos atuais, valor em torno de US$ 50.

Os países que produzem pouco e consomem mais ampliam seus estoques aproveitando os baixos preços. Parece cada vez menos provável que este quadro se altere no intervalo entre seis meses e um ano.

Ainda assim, é interessante como os fundos financeiros e os bancos, mesmo que estejam cortando créditos para estas petroleiras que possuem custos altos e andam no vermelho, ainda continuem a fazer captações como os Private equity (que são fundos que investem em empresas que não possuem ações em bolsa).

Segundo a Preqin, uma agência de dados financeiros, os fundos “private equity” Têm 115,6 bilhões disponíveis para investimentos em petróleo. Já captaram este ano para investimentos em petróleo US$ 45,7 bi e querem chegar à captação total este ano de US$ 74,5 bilhões, que juntando ao dinheiro já investido em petroleiras, chega a mais de US$ 300 bilhões de dinheiro no setor de óleo e gás.


Ou seja, ao contrário do que muitos imaginam, a extração de petróleo e/ou gás de xisto, ou não, em terra, ou offshore continua a ser uma das produções materiais em que o setor financeiro, ainda segue perseguindo para acumulação de lucros.

As energias alternativas avançam em projetos mundo afora, mas, a produção de petróleo, mesmo com os atuais baixos preços, continua sendo altamente atrativa. Segundo matéria do próprio Wall Street Journal, os agentes financeiros hoje estudam tanto o setor de petróleo “que estão chegando a um ponto em que se comportam como se fossem uma empresa do ramo”.

Para o Brasil, é interessante perceber que até aqui, a estratégia da Arábia Saudita não atingiu a produção da Petrobras cujo custo médio de produção, incluindo os valores pagos com os royalties e participações governamentais, está em torno de US$ 32 e devem até ter se reduzido com a taxa de câmbio próximo dos quatro reais. Melhor ainda se consideramos que a produtividade do pré-sal, que já alcança em torno de 1/3 da produção total, é muito mais alta, com custo de produção, incluindo os royalties abaixo dos US$ 20.

Mesmo com todos os problemas da Petrobras, com a Operação Lava jato, as enormes reservas do pré-sal mostram o potencial que o país tem e que alguns pretendem entregar facilmente para petrolíferas estrangeiras, com alterações do atual marco regulatório.

Continuamos acompanhando o setor.

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