quarta-feira, setembro 05, 2012

Soldadores: a qualificação e a experiência chave de um estaleiro

O estaleiro Estaleiro Atlântico Sul (EAS) no Porto de Suape, em Pernambuco, possui hoje, um total de cerca de 5 mil funcionários, 10% deles são soldadores, uma atividade importante na industria naval de base metal-mecânica.

Segundo gerentes do EAS, no primeiro navio lá montado e já entregue, o João Cândido, foram realizados 24 mil metros de solda.

Por conta de problemas identificados posteriormente, 75%, ou 18 mil metros tiveram que ser refeitos. Na montagem dos outros navios este percentual vem reduzindo.

O problema da qualificação da mão de obra e da relação do Estaleiro EAS com a Samsung está na origem dos questionamentos da Transpetro que havia contratado um total de 16 navios por R$ 5,3 bilhões.

Os estaleiros do estado do Rio de Janeiro, já se deram conta da disputa pela mão de obra mais bem formada na área. Alguns já corrigiram salários e aumentaram os benefícios tentando segurar seus bons funcionários.

Os dois estaleiros que estão sendo construídos em nossa região, o da OSX no Açu e STX em Barra do Furado terão dificuldades nesta área, já que um bom e qualificado soldador, não se forma e ganha experiência do dia para noite.

Quem já tem experiência e atua em outras empresas com esta função terão ofertas de salário e vantagens.

As empresas locais que têm muito soldadores terão que se preparar para enfrentar esta concorrência que certamente aumentará os seus custos. Este é mais um dos impactos da vinda de uma grande empresa.

Bom lembrar que esta é uma atividade insalubre, que exige grande esforço físico, trabalho na maioria a céu aberto que com o uso de EPIs pode elevar a sensação térmica, nos dias mais quentes do ano, a um patamar equivalente a 40/45º C.

Sobre salários e outros relativos ao assunto leia aqui nota do blog em 19 de abril de 2011.

A representação sindical da categoria dos metalúrgicos deverá também aumentar sua representatividade na região como consequência desta expansão.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bem lembrado professor. Existirá uma forte pressão por soldadores na região.
Não é por outro motivo que o SENAI está ampliando sua capacidade de formação de M.O. com a mais alta tecnologia no setor. Hoje um aprendiz começa num equipamento virtual de solda acompanhado por instrutor que, no futuro, estará em outro local.
Mas foi igualmente bem lembrado que a atividade em estaleiro não é fácil. Solda-se quase sempre a céu aberto e a única cobertura existente é a de outro trabalhador soldando sobre a sua cabeça. É serviço para gente nova e com disposição.

Roberto Moraes disse...

Solda sobre a cabeça é uma das artes mais difíceis.

Arte e esforço físico com habilidade manual apurada, além de grande esforço físico.

É atividade para quem tem vigor físico e como exige experiência do fazer, só com o tempo se adquire esta habilidade, daí que a formação atual só vai ser apurada mais adiante.

No caso do Açu, os documentos do próprio estaleiro para investidores ela informa que mais da metade a ser contratada terá que ser de gente com experiência que certamente virá de fora, aumentando assim, os impactos sobre a região.

Este é o processo. Acompanhemos os desdobramentos.

Sds.