quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Inaceitável!

Sei que os defensores do mercado e de uma falsa ideia de desenvolvimento ou de progresso vão rechaçar. Não estou preocupado com isto. O que não dá é achar que o setor imobiliário e de construção pode tudo numa cidade.

A especulação campeia acompanhada pelo lucro fácil obtido não nos negócios da construção, mas no ti-ti-ti espalhado sobre preços irreais do metro quadrado.

Mesmo num cenários de demandas crescentes por habitação, nada justificaria os preços absurdos que acabam praticando e levando a nossa cidade a um desenvolvimento diferente do que desejamos.

É admissível os interesses diversos entre a ampliação do lucro e o desejo de ter uma cidade que cresça sem agressões, mas há limites, quando se quer uma cidade para todos.

A introdução é apenas para criticar a decisão da venda da área do campo do Americano Futebol Clube. A tentativa de iludir incautos com a fala de que se trata de uma permuta, não esconde o objetivo (de quem?) de que  a área seja repassada para construtoras levantarem as suas torres, adensando ainda a mais a região.

O campo do Americano, assim como, o do Goytacaz atuam como espaços vazios que dão refrigério às áreas onde estão situados.

Além disso, trazem embutido histórias de valor imaterial para a comunidade que vai perdendo assim seus referenciais e suas identidades, em nome, de um falso progresso que, só mais adiante será percebido.

O caso, a meu juízo, não é de um negócio privado. Há interesse público envolvido na questão. As instituições da sociedade, Ministério Público, Câmara de Vereadores deveriam agir, acompanhar os detalhes e saber se a decisão não pode ser modificada.

Depois, como no caso do Trianon, do prédio da 13 de maio, todos vão lamentar, mas, poucos, quiseram tratar do assunto e se incomodar interferindo nos interesses de quem está envolvido nos negócios, antes que a Inês seja morta.

Sobre o assunto, eu já escrevi um artigo (veja aqui) há mais de seis anos, sobre a conveniência do tombamento histórico dos estádios do Goytacaz e do Americano.

Mais de um vez repliquei o artigo aqui, tendo sido o tema solenemente ignorado por todos. Ainda assim, continuo repetindo: É inaceitável a omissão. É lamentável o silêncio da comunidade!

16 comentários:

Anônimo disse...

Realmente im absurdo. O pior e q esta venda tinha sido reprovada pelo conselho diretor ha alguns anos, mas ps interessados no negocio nao desistiram. A quem esta venda interessa?

Jornalista Trepidante na Jogada disse...

Professor, compreendo e faço côro em parte de sua argumentação.

Acho válida, no que se refere à manutenção das referências históricas do município.

Entretanto, as estruturas destes dois palcos do quase centenário futebol campista já estão pra lá de combalidas e, principalmente, situadas não mais fora do eixo central da cidade, como já foi um dia.

Atualmente, as partidas de maior porte ali realizadas, trazem um sem número de problemas aos vizinhos e à comunidade em geral, em virtude do desvio do trânsito, falta de vagas para estacionar, escoamento dos torcedores, segurança, etc.

Já é hora de transferirmos para áreas menos centrais estes estádios tal como é feito no mundo inteiro - onde se planeja para isso, ao menos - oferecendo infra estrutura com estacionamento para - pelo menos - 3 mil carros, espaço para a imprensa, torcida e clubes, tudo com a devida qualidade.

E isso, é de fácil percepção, não temos como oferecer essas condições no atual plano há muitos anos.

Enfim, o que sugiro que seja feito é o mesmo que sempre sugeri com a Beira-Valão: Ao invés de manter um espaço aberto, ocupado com "nada" - podendo ser aproveitado para novas pistas de transito em ambos os lados, quadras esportivas, etc. sugiro que em local destacado (como defronte à antiga Big 13) seja erguido um memorial ilustrado, contando a história do Valão e que, por ali, já passou a Princesa Isabel rumo à Macaé/Quissamã, salvo engano de minha memória a respeito.

Dá-se respaldo à quem conta histórias do local, preserva-se a memória de forma destacada e ganha-se o espaço que já faz falta ao transito local.

Se no local do Estádio do Americano for reservado um espaço para a construção de um, por exemplo, hall da fama, com registro dos grandes nomes - locais ou não - que já passaram por ali, como Didi, Amarildo e até Zagallo - quando dirigiu o Flamengo - e que se registre ali tbm as fotos históricas e outros fatos de igual importância (como o primeiro gol do Romário no Brasil, quando da sua primeira passagem pelo Flamengo), aí sim, eu acho que progresso e história estarão andando lado a lado.

Respeito piamente seu ponto de vista. Mas acho que há necessidade real de mudanças e uma (imprescindível) oportunidade de solução para se manter a história.

Por mais que o progresso possa marcar gols contra, há uma chance de se ter um autentico gol de placa no ponto histórico.

douglas da mata disse...

Roberto,

Eu não tenho a menor esperança de que algum senso coletivo, alguma noção de ordenamento da ocupação do solo urbano.

Em breve, o Estado(sempre ele) vai começar a ter que arcar com os custos dos conflitos do adensamento, da sobrecarga sobre as facilidades urbanas, enfim, a melhor ideia que temos sobre a cidade é um monstrengo que se auto-devora.

A impressão que temos, em relação a este governo municipal, é de total ANOMIA, um Haiti de sinal trocado.

Lá, no Haiti, a ausência de Estado se dá pela completa e absoluta miséria, que tragou a realidade institucional.

Aqui, é a opulência que torna a prefeita e sua administração um mero NADA frente aos interesses especulativos imobiliários...

É cada um por si, e deus contra todos.

Anônimo disse...

Roberto, o mesmo ocorre com o Solar dos Airises. O casarão está praticamente indo ao chão, todos os dias passo em frente e fico amargurado em ver o descaso do poder público e a omissão da população quanto ao caso.

Vai ocorrer com o solar dos airises quando ele desabar uma reação semelhante quando o casarão da treze de maio foi derrubado: reinará a hipocrisia da sociedade campista e do poder público.

A omissão é o principal crime!

Anônimo disse...

Por falar em áreas históricas, a quantas anda o tititi do casarão da 13 de Maio? Não ouvi, nem li mais nada sobre o "Chacrinha". São tantos locais que deveriam ser preservados. E a Lira de Apolo? Mas quem nos dará respostas? Já que ninguém tem culpa de nada aqui nesta cidade. Ah, e as vistorias das casa de eventos, etc, etc,???? Estão liberadas???? Vai começar a safra de festas das faculdades, todo fim de semana são muitas festas, regadas a insegurança, bebidas, drogas e rock and roll...

Anônimo disse...


Professor Roberto, desconheço a questão. Vou procurar saber mais. Porém, pelo que entendo, sua argumentação continua corretíssima em relação ao adensamento imobiliário que acontece naquela região. Somado a isso a especulação absurda, irracional que inviabiliza um crescimento saudável da economia. Sim Professor, acredito num mercado não perverso (tenho que acreditar..). Em relação a preservar uma identidade histórica, me recordo de uma palestra feita por um arquiteto em que falava da revitalização de várias áreas que estavam abandonadas, em países europeus e que foram revitalizadas com a construção de museus ou centros culturais. Áreas que estavam entregues, literalmente, a ratos e...etc.. Ele mostra, inclusive, o quanto museu do Luvre, em Paris, fatura e o quanto a indústria do turismo histórico, na França, representa para o PIB daquele país, superando a indústria automobilística. Enfim, se a gestão do município, Ministério Público e outros operadores do setor público quiserem...as situações podem ser melhor encaminhadas. Não sou de acompanhar futebol mas o espaço do Americano poderia ser um excelente espaço esportivo e cultural da região. Pra fazer história.

Anônimo disse...

Se podem tombar esses locais que além da historia ainda ajudam a melhorar o ambiente onde estão situados, pq essa briga toda pelo casarão da 13 de maio. Na verdade a cada dia que passa sou a favor de se institucionalizar a BANDALHA como regra principal. Exemplo como a sete de setembro e felipe uebe não são os carros que devem ser proibidos de para nas calçadas e sim proibir o comercio só assim não haveria motivo para os motoristas quererem parar ali, fechar a escola que esta situada tb nessa esquina. VALE TUDO nessa nova regra pelo menos não haveria mais reclamação como ocorreu quando a PRF foi efetuar fiscalização na estrada para São João da Barra. Afinal todos só querem que fiscalize o outro mas que não o incomode. Com a institucionalização da BANDALHA tudo estaria resolvido.

Anônimo disse...

Concordo com o comentário sobre o solar dos AIRIZES, NO ANO DE 2005, SAIU MATÉRIA NA PÁGINA DO IPHAN, DANDO CONTA DE QUE A REFORMA HAVIA SIDO CONCLUÍDO. ENVIEI EMAIL AO INSTITUTO RECLAMANDO, POIS, ERA UM ABSURDO NA PÁGINA OFICIAL DAR CONTAR DE UMA OBRA QUE NUNCA FOI FEITA, E PIOR, O QUE FIZERAM FOI FEITO ERRADO, POIS, TIRARAM AS TELHAS MOLDADAS NA COXAS DE ESCRAVOS E COLOCARAM TELHAS COLONIAIS COMUNS, E ENCHERAM AS PORTAS E JANELAS DE TIJOLOS. INFORMEI QUE O EMAIL ESTAVA INDO COMCÓPIA PARA O PROMOTOR MARCELO LESSA. RECEBI COMO RESPOSTA UM PEDIDO DE DESCULPAS E LOGO RETIRARAM A MATÉRIA DO SITE. E HOJE ESTÁ TUDO NA MESMA.

Anônimo disse...

A sociedade quer manter algo? Quer preservar algo, tombando-o?
Então que a sociedade pague pelo bem a ser perservado, desapropriando-o e pagando o preço de mercado.
Assim fica facil, querer fazer as coisas com o dinheiro alheio.
Pimenta nos olhos dos outro não arde.

Anônimo disse...

Absurdos acontecem em nome deste que os incautos e o nem tanto denominam ¨progresso¨.
Lira de Apolo, Solar dos Airises , Jockei Club de Campos para citar apenas alguns.
Campos carece de área verde e de um parque Por que não pagar o preço justo e transformar o campo do Americano num belo espaço público?
José Paes Neto ou outro que tenha habilidade para tanto , por favor, promova abaixo-assinado pela internet...pelas ruas de nossa cidade.
Chega de ¨trianons¨ perdidos por omissão gente!

Anônimo disse...

Total falta de planejamento urbano, quem vai interferir quando o dinheiro e os conchavos conseguem passar por cima de leis, tudo pode.. Uma cidade deve ser de todos, e não de meia duzia de interessados em ganhar dinheiro..Campos tem para onde crescer e tudo se concentra em pequenas áreas. Como ..me diz como podemos progredir em uma cidade com sua grande maioria da população na pobreza, sem se quer ter condições de comprar um imóvel bem popular que pode custar cerca de 200 mil na periferia, isso contribui para favelização, para exclusão, caos urbano pelo fato das pessoas morarem longe do trabalho. Campos é uma cidade feita para automóveis, o cidadão não tem nem calçada para caminhar, não vê árvores no seu percurso diário, não pode parar para descansar num parque, a praça principal é uma chapa que frita as pessoas no sol, não tem para onde ir, o q olhar. Temos uma localização geográfica privilegiada, tudo pra dar certo, mas a ignorância, o conformismo e a incompetência ou burrice emperram a vida de todos.

Renato C. A. Siqueira - arquiteto e urbanista disse...

Roberto, concordo com a sua preocupação, se considerarmos a atual gestão municipal, que historicamente trata de forma promíscua o interesse coletivo; desde que agregou área pública a um condomínio na praia do Farol de São Tomé. Todos estaríamos exercendo o direito de uso do solo, disciplinado pela legislação , caso tivéssemos as oportunidades. Negar isso, como diz um professor: é esquizofrenia.
Quanto aos imóveis tutelados ou tombados, é necessário conhecer e compreender os instrumentos de gestão urbana - além da isenção de IPTU, que pode ser requerida - previstos tanto no Estatuto da Cidade, quanto em nosso Plano Diretor Participativo - Arts. 258 ao 264. Tenho aguardado a manifestação, em relação ao imóvel da 13 de Maio, do Ministério Público, - apesar dos pesares - que ainda identifico como instância competente! Mas, para o meu momentâneo desgosto, o MP não atua da forma exemplar como deveria, ao contrário, assopra na ruidosa trombeta da vergonha e do silêncio que o gestor municipal, costumeiramente adota. A dica, portanto, é regulamentar os artigos citados do Plano Diretor, para que os imóveis tutelados ou tombados não sejam tidos como fardo - não o são há muito tempo no mundo e no país - mas que oferecem oportunidade de ganho financeiro como qualquer outro imóvel, neste caso, a outorga onerosa/transferência do direito de construir. Lembrando, ainda, que nesta regulamentação, estaria determinada a prioridade de uso, destes imóveis, pelas secretarias e órgãos do Estado (Municipal/Estadual/Federal. A melhor forma de preservar e dar utilidade e, não "mumificar"!

Anônimo disse...

Sr Orávio de Campos, secretário Municipal de Cultura , estamos assistindo, como nunca,a um desmanche dos patrimonios deste município e o senhor fica discutindo um carnaval que perde seu veio cultural a medida que se dá fora de um contexto nacional e serve apenas para que os que se autoproclamam carnavalescos briguem por dinheiro.
Pronuncie-se e, por favor, tome atitudes pelo nosso patrimonio senhor.
Ou seerá que o rei reina mas não governa?

Anônimo disse...

O negócio do Orávio é preservar a "nega fulô". Feito isso, o resto pode tombar, cair, desmoronar, virar foco de dengue, estacionamento, o que quiser.

Vitor Menezes disse...

É mais ou menos isso o que eu dizia sobre o Monitor. Um caso privado, de interesse público. Mas...

Roberto Moraes disse...

Caro Vitor,

Concordamos antes e voltamos a concordar agora.

Os casos são crônicos. Tanto faz se sobre patrimônios materiais quanto imateriais.