segunda-feira, fevereiro 18, 2013

Shopping center: resultados & outras questões sobre o consumo

Uma coincidência. No exato momento que lia o livro "Shopping center: a catedral das mercadorias" da Valquíria Padilha, editora, Boi Tempo, a minha caixa de emails do blog, dava o sinal da chegada de uma mensagem: um release da Múltipla Publicidade, sobre resultados do Shopping Boulevard, em Campos, com o título que o empreendimento está comemorando os seus resultados. O email publicitário informou:

"O Boulevard Shopping celebra seus resultados!"
O Boulevard superou as expectativas nas vendas do Natal e do período de férias.
O shopping obteve no quarto trimestre do ano um crescimento de vendas de 32,3%, o maior do Grupo Aliansce e acima da curva nacional.

O crescimento de vendas das mesmas lojas, as chamadas SAME STORE SALE, foi de 31%, enquanto que o acumulado do ano foi de 23,8%, também o maior da rede.
O fluxo de consumidores apurado nas primeiras semanas de janeiro do corrente ano é 35% superior ao que se verificou em igual período do ano anterior.
Em pleno verão, as vendas revelam a força do empreendimento com um crescimento expressivo de 29%, enquanto algumas operações superam os 65% no fechamento de janeiro.

Com esses números é que o Boulevard acredita firmemente na expansão lançada em Dezembro, com obras em ritmo acelerado e que já conta com 49% da ABL (área bruta locável) contratada e reservada, que terão nomes com Leader, Casa&Vídeo, Kalunga, Hering Kids, Cacau Show, Lilica & Tigor e muito mais.

Serão mais 70 novas lojas proporcionando um mix ainda mais completo, de lojas e serviços."

Enquanto isto, a leitura de um dos capítulos do livro, a autora trazia a reflexão: 
"De maneira geral, na publicidade e em parte da literatura sobre o tema, o consumo parece associado à felicidade, ao prazer e à satisfação das necessidades".

Decorrente desta observação a autora faz inúmeras indagações: 
"As necessidades humanas levam à produção de mercadorias ou será que a sociedade industrial capitalista cria necessidades nos homens para vender mais? Está na "natureza humana" o desejo de possuir bens ou é a sociedade que cria e manipula o desejo das pessoas? A sociedade é democrática porque diz colocar à disposição de todo mundo os bens e serviços a serem consumidos? A felicidade e o prazer são fictícios, são falsos ou apenas efêmeros? Se a felicidade em função da satisfação das necessidades é a referência da "sociedade de consumo", então essa sociedade tem de criar constantemente necessidades nas pessoas para que elas se sintam sempre infelizes e se motivem ao consumo em busca da felicidade?"

O blog, assim reparte com vocês a informação e a reflexão sobre a sociedade em que vivemos, em que estas catedrais das mercadorias passaram também a ser uma das principais formas de lazer e de convivência, especialmente, nas cidades, sem parques, sem boas e seguras praças e sem ou com pouquíssimos equipamentos de esportes e lazer. 

Daí, surge, quase naturalmente, a indagação, de onde começam e terminam os interesses dos que compartilham o território na área urbana desta e de qualquer outra cidade.

7 comentários:

Anônimo disse...

Roberto, vou procurar este livro. Veja, tal reflexão me remete a uma entrevista feita com, talvez, o maior teatrólogo deste país: AUGUSTO BOAL. Na entrevista, ele usa uma imagem sobre o tema da sua postagem. Ele define esse processo como a imposição das PRÓTESES DO DESEJO. É como se fosse drogas que escravizam o nosso imaginário.

Roberto Moraes disse...

É um assunto muito interessante. Apesar de ter ouvido Boal algumas poucas vezes, e assistido algumas de suas peças, conheço pouco sua produção e mesmo do seu Teatro do Oprimido.

Seria interessante se localizássemos esta entrevista para repercuti-la junto desta reflexão.

Anônimo disse...

Se as informações sobre o movimento do shopping são confiáveis, o que provoca hoje o superpovoamento da região Pelinca? Se o melhor shopping,os melhores cinemas e as lojas especialistas em diversos ramos de consumo não se encontram naquela região.

Anônimo disse...

Esse negocio de shopping é coisa do diabo! Quantas das vezes fui enganado pelo meu desejo desenfreado e sem logica e a nescessidade de "TER"?Comprava uma camisa, chegava em casa super radiante com minha compra da camisa.Uma semana depois estava arrependido,pois eu tinha bastante semi-novas e ai caia na real:"poxa que merda que fiz nao precisava dessa."
TÔ FERRADO FINAL DO MES A FATURA CHEGA.
PESSOAL TO AVISANDO ESSE CAPETA DE SHOPPING É COISA DO MAL! KKKKKKKKKKK!!

Roberto Moraes disse...

A movimentação da Pelinca vai além do comércio e dos shoppings menores daquela região.

O que garante o grande fluxo de pessoas ali é a rede de prestação de serviços ligados à saúde e educação, além do aumento considerável de novos prédios de moradias.

Não se pode esquecer que ali se tem, Santa Casa, o Álvaro Alvim, ainda próximo o Beda, Prontocárdio, Pró-Clínicas e outras clínicas e consultórios.

Em relação a escolas e faculdades podemos citar, o IFF, Universo, nem tão longe, o Auxiliadora, Estácio, João XXIII.

O setor de alimentação garante à região outro fluxo externo de pessoas que ali se dirigem no horário de almoço com os diversos restaurantes e lanchonetes que também puxa o movimento noturno.

Tudo isto, reforçado pelo número crescente de prédios de moradias e escritórios que estão sendo concluídos, além de uma rede bancária, praticamente, quase mais movimentada que a da área central da cidade.

Mesmo com a ampliação do movimento de comércio no Boulevard, nada, tirará o crescente fluxo da Pelinca, que, na verdade mereceria um estudo viário, para circulação de pessoas mais cuidadoso, porque a avenida é estrita da Santa Casa até o seu final, quando junta com a Formosa, a 28 de março, já está congestionada, também a Formosa e as visas de interligação entre elas são estreitas e tudo isto, com pequenas chances de serem ampliadas.

A quantidade de prédios comerciais e de moradias em construção tornará dentro de mais um ou dois anos a região ainda mais conturbada.

Roberto Moraes disse...

Ainda sobre o assunto, se desejar leia no link abaixo o artigo do arquiteto Jannot que este blog republicou em 21 de maio de 2012 com o título "Contra a shoppinização da vida e das cidades":

http://www.robertomoraes.com.br/2012/05/contra-shoppinizacao-da-vida-e-das.html

Ainda sobre o assunto em outra parte do livro citado na nota a autora diz:

"A questão avança para além da sociologia e abrange a psicologia e psicanálise, na medida em que a sociedade precisa de imagens, de mercadorias e de fetiche para se construir. Assim, o debate em torno da “Sociedade do Consumo” abrange a compreensão do funcionamento e da lógica tanto social quanto da vida dos sujeitos".

Anônimo disse...

Pena é um Shopping do porte do Boulevard, que arrecada Milhões da nossa região, ter um acesso indecente, que chega a ser um desrespeito aos que ali tentam entrar ou sair, aquilo não é uma cancela eletrônica, está mais para porteira de curral.
Porque nos outros shopping boulevard elas funcionam automaticamente???