terça-feira, fevereiro 16, 2016

Os significados da fala do presidente mundial da Shell sobre o potencial de petróleo no Brasil

Foi ontem muito reverberada a fala do CEO global da Shell, Van Beurden, sobre seus interesses no pré-sal e que mesmo aliada à Petrobras - defendendo seu peixe - ele justifica que ela pode (ou deve) deixar de ser operadora única, fazendo coro com o pessoal do mercado interessado em abocanhar os ativos de petróleo no Brasil, neste momento de desvalorização cambial, aliada aos preços baixos do barril.

Porém, mais significativa é outra parte de sua fala que reafirma o que temos seguidamente afirmado aqui:

"O Brasil será um país-chave na nossa estratégia", afirmou. "Está seguramente no top 3 de nosso portfólio e, se considerarmos apenas a produção em águas profundas, é o maior."

Van Beurden disse acreditar na competitividade do pré-sal, mesmo em um cenário de petróleo barato. "O break even (preço de equilíbrio dos projetos) é muito favorável, mesmo nessa faixa de preços. E, se os preços caem, os custos também caem".

O presidente (CEO) global da Shell está no Brasil desde ontem para dirigir a fusão completa da Shell com a BG. É simbólico que ele tenha vindo ao Brasil fazer isto, depois de investir US$ 70 bi e a reafirmar outra fala dele, no ano passado, ao garantir que a compra da petroleira britânica BG, tinha como principal justificativa, os ativos desta no Brasil.

A BG tem a maior expertise mundial em GNL que agora passa para a Shell. A BG, agora Shell tem contrato com a Prumo no Porto do Açu.

No meio deste cenário há quem continue querendo entregar nossas reservas, depois de termos amargado o período mais difícil, deixando os louros de um novo ciclo para outros, os mais espertos. Estes que hoje bem remuneram a mídia comercial como parte de suas estratégias de negócio.

Quem se ajustar, trabalhar e esperar o novo ciclo - sabendo que ele vai ser conflituoso e cheio de flutuações - ganhará mais.

Os negociantes podem esperar outros negócios, mas a nação ainda necessita deste eixo de crescimento econômico, que pode e deve ser, sob as diversas dimensões - especialmente a ambiental - bem cuidada, assim como os frutos do fundo soberano para a inclusão social.

Fora daí será apenas mais ouro negro para os de sempre.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, e não por coincidência o Renan Calheiros está com pressa para por em pauta o projeto do Serra que derruba os 30% da participação da Petrobras no pré-sal, assim como o titulo de operadora única!

Anônimo disse...

Professor sugiro a leitura do artigo do Caca Diegues do O Globo de Domingo intitulado"A Besta Negra". Abraço.