segunda-feira, dezembro 03, 2007

TV Digital no Canal Livre

Apesar do assunto, às vezes ficar um pouco chato, com muitas repetições, foi muito boa e esclarecedora, com diversas informações novas, a entrevista com o ministro das Comunicações Hélio Costa, ontem no programa Canal Livre, da Rede Bandeirantes. Duas informações esclarecem bem, o jogo de interesses, em que uma inovação desta magnitude representa: 1) O alto custo atual dos conversores, não representa o valor real de sua industrialização. O chip, o principal componente do conversor, não custaria mais do que US$ 20. Todo o conversor, incluindo a caixa, fonte, etc. não custaria mais do que US$ 60 a US$ 70. Tudo isso, mais o lucro do fabricante, estaria de bom tamanho, com o valor de R$ 250,00 ou, no máximo, R$ 300,00. Porém, o caso é que as fábricas de televisores estão de olho é em vender toda a TV nova com o conversor já embutido, onde o lucro seria ou será muito maior, enquanto a venda apenas do conversor, daria sobrevida de mais de uma década, aos televisores antigos que somam em torno de 100 milhões aparelhos no paísd. Este seria o principal motivo da ampliação do preço dos conversores que estão chegando às lojas. 2) A escolha do modelo japonês reformulado com sugestões de técnicos brasileiros, além de ser um sistema aberto, sem necessidade de pagamento de royalties, como do europeu ou, o americano, é o que permite, o que os especialistas chamam de "portabilidade". Este sistema permite a sintonia dos canais abertos nacionais, em pequenas televisões ou nos celulares. Mesmo com esta possibilidade do sistema, o governo estranhou a demora dos fabricantes de celular, em oferecer tal possibilidade. Sabem o motivo? As companhias de celulares (leia-se Vivo, TIM, Claro e Oi) não têm interesse, na oferta de mais esta opção para o usuário do aparelho, porquê, ao contrário da fotografia e do torpedo, que ao serem enviados, pelos seus sistemas, geram gordas receitas, a sintonia de um canal de TV no ônibus, na escola, ou na rua, certamente, inibiria o uso de ligações com conseqüente perda de receitas. A mudança provocada pela inovação da entrada da TV Digital mexe com muita coisa, numa sociedade em que a televisão foi elemento importante de formação cultural e de instalação, diversificação e ampliação do parque industrial nacional. Os donos das maiores redes estão muito preocupados com o que a interatividade poderá fazer nos costumes do, até então, telespectadores, que agora se transformarão (ou não) em parceiros com interatividade e possibilidade de dizer no ato do que gostaram ou não de ver e ouvir. O Jornal Nacional não poderá ser mais o mesmo, ou você acredita que possa? Outra novidade é que a transmissão via satélite, que hoje utiliza a parabólica para a recepção, estará, já proximamente digitalizada, o que significará dizer, que o usuário desta forma de acesso à TV que tiver o conversor, não precisará aguardar aquele cronograma divulgado que prevê, para nosso caso, no interior do estado do Rio de Janeiro, o recebimento do sinal digital, apenas em 2009. O mesmo ocorre com as empresas de TV a cabo. O tema, quando abordado, com mais profundidade e ao mesmo tempo, com clareza, leva ao debate sobre interessantes desdobramentos, que a tecnologia, que não é neutra, poderá levar, em termos de mudanças de costumes e cultura a nossa sociedade.

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