terça-feira, janeiro 19, 2010

O Brasil não é o Chile

Dilma não é Frei e nem Serra o Piñera. Querer extrair da eleição chilena a interpretação de que a transferência de voto é limitada, apenas por causa desta eleição, é subestimar a inteligência do cidadão-eleitor ou, tentar se afirmar em algo, quando as esperanças são consideradas baixas. A centro-esquerda estava no poder há vinte anos no Chile. A vontade de mudar naquele "centrão" que decide eleição em qualquer lugar, se somou ao desgaste de um candidato que já foi governo. Neste tempo o Chile e o Brasil avançaram, cada um a seu modo e assim continuará. Por isso, a disputa entre Dilma e Serra, aparentemente, cada vez mais polarizada, é totalmente diferente. Talvez, a única similaridade entre um pleito e outro, é que por aqui, assim como lá, o resultado deve ser bem apertado. O resto é marola para quem não está subindo na onda.

5 comentários:

Marcelo Bessa disse...

Pertinentes as suas afirmações, até mesmo pelo fato de ser o Brasil um país-continente e de ter um eleitorado quase vinte vezes maior do que o do Chile.

Gilberto Nunes disse...

Realmente são cenários políticos diferentes e qualquer analise neste momento é prematura. A transferência de votos é algo bastante complicado, mas acredito que aqui a eleição terá suas peculiaridades e por isso não podemos tirar a eleição do Chile como exemplo.

Acredito que viveremos um cenário político de muitas comparações, o eleitor verá tudo o que foi feito pelo atual governo e pelos governos anteriores. Vivemos um período de estabilidade, a inflação está controlada, o mercado cresce gerando emprego, mesmo depois da crise, e não existe um clamor social por mudança. Ao contrário, percebo que o sentimento é que estamos no caminho certo e devemos continuar.

De qualquer forma, ainda é muito cedo para apontarmos favoritos, seja na esfera federal ou estadual, como no futebol, só podemos apontar o vencedor após o apito final.


Paz e Bem

Gustavo Carvalho disse...

Caro Roberto, poderíamos afirmar ainda que: Lula não é Bachelet! Além disso, a situação teve 3 candidatos (Frei, Ominami e Arrate). Ominami, que chegou em 3º lugar e resolveu não apoiar ninguém no 2º turmo, não é Ciro! Falando nele, trata-se do mais prejudicado com o resultado eleitoral chileno. Abç

Anônimo disse...

Aécio não tem o pig mas não é burro, sabe que Serra está perdido, é novo e pode ser presidente algum dia…
Portanto Dilma já está eleita!

Claudio Kezen disse...

Caro Roberto:

Você tem toda razão: Dilma está longe de ser o Frei.

Eduardo Frei construiu uma trajetória pessoal e política coerente e relevante para a história recente do Chile, disputando na esfera das eleições seu espaço como homem público, chegando via eleições diretas à presidência da república.

Dilma, ao contrário, sempre fez política de gabinete, nunca disputou uma eleição e provavelmente não disputaria, não fosse o fato de ter sido enfiada goela abaixo do PT e da base aliada pelo Lula.

Não há parâmetros de comparação entre estes dois personagens políticos; um amplamente vivido nos embates eleitorais, nos pleitos populares selados pelo sufrágio popular, e outro uma imposição deslocada de quem se julga ungido pelas pesquisas de opinião pública.

A soberba petista, tão afeita ao tucanato, pode ser o calcanhar de aquiles da estratégia plebiscitária urdida no bunker governista, por que com aquela cara de madrasta má da Dilma, vai ser difícil algum marqueteiro fazer milagre.

Abraços,
Claudio.