domingo, abril 11, 2010

O Porto do Açu na terra dos Beneditinos

Do blog O Vagalume o artigo do professor Luiz Pindedo, do IF Fluminense que reproduzimos abaixo. Ele levanta uma interessante questão:
"A ordem Beneditina e a foz do Paraíba do Sul" (Ao lado a foto do autor do texto que mostra o Mosteiro de São Bento, sede da Fazenda dos Beneditinos na Baixada Campista)
"Caros leitores do Blog O Vagalume: Tenho feito várias incursões na região do Açu, em São João da Barra, isso faz parte da linha de pesquisa que venho desenvolvendo como professor do Mestrado em Engenharia Ambiental e com meus alunos de iniciação científica do IFFCampos.
Primeiro gostaria de comentar a importância das ordens religiosas na ocupação territorial do Brasil. As pessoas que têm formação religiosa,sabem que nas cidades mais antigas sempre estavam presentes os Jesuítas, Franciscanos, Carmelitas e Beneditinos.
Em consultas a livros sobre história do Urbanismo, descobri que existia uma norma da localização das Igrejas das principais ordens em uma configuração triangular. Esta configuração tinha por objetivo marcar no novo sítio urbano a forma que simboliza a Santíssima Trindade. Na cidade de São Paulo, esse modelo é seguido. A Igreja de São Bento, no largo de São Bento, Igreja de São Francisco, no largo do mesmo nome e os Carmelitas, na atual Praça da Sé.
Existe outro dado utilizado pelos Beneditinos: eles só se localizam em áreas que terão importância urbana e econômica. A Fazenda dos Beneditinos, que compreendia o que hoje denominamos ABC Paulista, ou seja, a região dos municípios de São Caetano, São Bernardo e Santo André, permaneceu com os monges e teve um papel importante na história da cidade de São Paulo. A fazenda foi fornecedora de boa parte dos materias usados na construção civil durante o século XIX. De lá saíram tijolos, telhas e madeira usadas nos telhados e batentes. Depois ela se transformou numa das principais colônias de imigrantes.
Antônio Prado, Ministro da Fazenda de D. Pedro II, em 1870 financiou a imigração européia como a grande política econômica do final do Império, resolvendo os graves problemas da mão de obra.
Depois essas colônias vão se urbanizar e dar origem a uma das mais importantes áreas industriais do Brasil, que começou em 1890 e continua até hoje.
O Porto do Açu está sendo construído nas terras que foram dos Beneditinos. A Fazenda São Bento continua lá funcionado e seguindo os princípios da ordem Beneditina.
Em São Paulo a mais antiga Igreja que não mudou de sítio é a Beneditina.
Onde hoje estão os povoados ou Bairros Rurais do Açu como: Cazumba, Água Preta, Mato Escuro, Azeitona, Barra do Açu, faziam parte da Fazenda que depois fez uma doação de terras para as famílias que trabalhavam na Fazenda.
As Fazendas Beneditinas estão a frente de regiões que sempre progrediram. Existe uma outra hipótese: de que a escolha do sítio sempre produz efeitos, vide o caso do antigo Mosteiro de São Bento, ao lado do Porto de Santos. Vale a pena estudarmos mais a relação da ordem de São Bento e a escolha de seus sítios."
Por Luiz de Pinedo.
Professor do Mestrado em Engenharia Ambiental do IFF de Campos dos Goytacazes-RJ.

5 comentários:

Anônimo disse...

"Primeiro gostaria de comentar a importância das ordens religiosas na ocupação territorial do Brasil. As pessoas que têm formação religiosa,sabem que nas cidades mais antigas sempre estavam presentes os Jesuítas, Franciscanos, Carmelitas e Beneditinos."

É verdade:
os jesuítas não eram contrários à escravidão indígena, divergiam dos comerciantes portugueses apenas sob o aspecto de que estes últimos tinham o interesse em explorar a mão de obra escrava indígena, principalmente na produção do açúcar; enquanto os jesuítas objetivavam cristianizar os índios.

Os jesuítas, para solucionar as causas indígenas, aplicavam os princípios religiosos e morais do cristianismo, desrespeitando reiteradamente a cultura dos índios.

Anônimo disse...

"Primeiro gostaria de comentar a importância das ordens religiosas na ocupação territorial do Brasil. As pessoas que têm formação religiosa,sabem que nas cidades mais antigas sempre estavam presentes os Jesuítas, Franciscanos, Carmelitas e Beneditinos."

É verdade:
os jesuítas não eram contrários à escravidão indígena, divergiam dos comerciantes portugueses apenas sob o aspecto de que estes últimos tinham o interesse em explorar a mão de obra escrava indígena, principalmente na produção do açúcar; enquanto os jesuítas objetivavam cristianizar os índios.

Os jesuítas, para solucionar as causas indígenas, aplicavam os princípios religiosos e morais do cristianismo, desrespeitando reiteradamente a cultura dos índios.

Anônimo disse...

Economista do Ipea diz que distribuição atual de royalties é injusta


O economista Sérgio Wulff Gobetti, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontou injustiça e falta de critério no atual sistema de distribuição dos royalties do petróleo. Na avaliação do técnico, o momento em que o Senado discute as regras básicas de exploração do petróleo na camada do pré-sal é "altamente propício para que sejam apontadas novas regras". As declarações estão em entrevista concedida ao programa Agenda Econômica, da TV Senado, que foi ao ar no último dia 3.

Ele explicou aos entrevistadores Helival Rios e Davi Emerich que o critério adotado, baseado num conceito geográfico chamado de "área de confrontação", varia de acordo com o formato do município, no seu contato com o mar, sem guardar qualquer relação que leve em conta aspectos de renda, ecologia, população e coisas dessa natureza.

Para dar exemplo do grau de arbitrariedade do critério atual, o economista lembrou que o município de Campos (RJ) foi agraciado, no último ano, com uma receita de R$ 1,2 bilhão dos royalties do petróleo (20% do total municipal), enquanto seu vizinho ao norte, São Francisco de Itabapoana (RJ), recebeu apenas R$ 7 milhões (0,1% do total). Mas o que definiu "essa brutal diferença" na distribuição dos recursos foi apenas o contorno da geografia desses municípios, coisa que "não faz o menor sentido" para o economista.

Segundo Sérgio Gobetti, há um consenso na literatura internacional de que os recursos do petróleo devem ser centralizados na mão da União. Somente dessa forma é que haverá condições de fazer frente às bruscas variações a que estão sujeitas as cotações de commodities, entre elas o petróleo, no mercado internacional.

- Quem pode fazer uso de uma política monetária e fiscal, como é o caso do governo federal, poderá gerir bem os recursos oriundos de um grande ciclo de exploração de petróleo ou de qualquer outra commodity - salientou.

Na entrevista, o economista abordou também os efeitos dos recursos do petróleo extraído da camada de pré-sal sobre as reservas internacionais do país e sobre os investimentos em setores prioritários, como é o de infraestrutura.

AngelMira disse...

Professor,
Não é a primeira mensagem que divulgados do professor Luiz Pinedo. O foco do trabalho desse professor é de suma importância para toda a região.
Obrigada por divulgar, além disso referindo-se ao nosso blog. Pedimos apenas que informe o link para o Blog O Vagalume.
Abs

Andre Pinto disse...

Prezado Professor Roberto Moraes,
Esta matéria sobre os mosteiros dos Beneditios é simplesmente maravilhosa. O livro do sanjoanense, Fernando José Martins, de 1868, sobre a história de São João da Barra traz relatos interessantíssimos sobre a presença dos jesuítas nestas localidades mencionadas na matéria. À propósito, Fernando José Martins menciona que há vestígios de uma fortificação jesuíta (alicerces) enterrada na área de Campo de Areia. Cadê o IPHAN?
Abraços
Andre Pinto