sábado, novembro 02, 2013

"O caçador de raposas"

O blog recebeu por email do professor Heitor Scalambrini Costa, da Universidade Federal de Pernambuco mais um artigo que divulga em seu blog e no Fórum Socioambiental em Suape, PE.

O professor Scalambrini é físico militante socioambiental, com atuação e questionamentos na área sobre energia nuclear a nível nacional e tem um papel importante na organização dos atingidos pela implantação e ampliação do Complexo Logístico-industrial do Suape, PE. Assim, o conheci pela internet e depois pessoalmente quando de minha visita ao entrono do Porto Suape,PE com a sua colaboração.

Por conta desta sua militância, o professor Heitor vem questionando práticas políticas do governo do estado do Pernambuco e também do governo federal. É sobre o primeiro e sobre o questionamento de seus objetivos eleitorais nacionais que ele aprofunda as contradições entre prática e discurso, que ele vê de perto que dedicou este artigo. Ele sucede inúmeros outros na mesma linha. Confira abaixo o seu conteúdo:

O caçador de raposas

Heitor Scalambrini Costa
Professor da Universidade Federal de Pernambuco

O titulo deste artigo não tem nada a ver com o romance da inglesa Minette Walters. Tem a ver com nossa recente história política.

No século passado, tivemos um jovem e esportivo candidato a presidente da República que ficou conhecido como “o caçador de marajás”, e que logo depois de eleito acabou sendo defenestrado do trono presidencial, pois o próprio, junto com seu ex-tesoureiro da campanha eleitoral, estavam enriquecendo (mais ainda) às custas das maracutaias promovidas de dentro do Palácio da Alvorada, com ramificações na Casa da Dinda.

Agora, passado 20 anos, surge o “caçador de raposas”. Discurso empregado pelo presidenciável e governador de Pernambuco para se referir à necessidade de “aposentar as raposas da política brasileira”. Entenda-se aqui como “raposas” os políticos profissionais, quase eternos, aqueles que, como diz o governador, contribuem para uma política “mofada, cansada e atrasada”. Para os marqueteiros do presidenciável pernambucano, o objetivo é de apresentá-lo como o “novo”, aquele que vem para fazer uma “nova política”. Assim, é preciso construir uma imagem positiva e criar, junto à opinião publica, a figura de um político dinâmico, bom administrador, gestor público competente, diferenciado-o das velhas praticas políticas e dos políticos de carreira desgastados junto à população.

Essa estratégia já deu certo uma vez, e por que não agora, que a desilusão tomou conta dos eleitores que foram as ruas protestar? O partido no poder há 11 anos já não atende aos reclamos e demandas da população, que exige mudanças. Prometeu “mundos e fundos” e acabou no lugar comum da corrupção, dos acordos políticos inexplicáveis, da velha pratica de “fazer política no país”, simbolizada pela máxima “é dando que se recebe".

Sem duvida quem acompanha a trajetória do jovem governador, mas já idoso nos caminhos sinuosos da política brasileira,conhece muito bem sua obsessão em conquistar e exercer o poder, não levando em consideração os meios para chegar lá.

Em Pernambuco, os exemplos da conduta e da pratica política deste jovem-velho político são inúmeros. O nepotismo reinante no Estado com parentes distribuídos em cargos públicos, que teve seu ápice no envolvimento direto do governador na eleição da própria mãe a um cargo vitalício no Tribunal de Contas da União. Os acordos “toma lá, dá cá” com os prefeitos e deputados estaduais, o que o tornou praticamente um governante sem oposição.

Simbolicamente, essa pratica ficou evidente quando patrocinou a mudança na Constituição Estadual, para que um seu aliado político fosse reconduzido à Presidência da Assembleia Legislativa pela quarta vez (talvez seja conduzido novamente a um quinto mandato, como o próprio afirmou só depende do governador querer). Sem falar no chamado “desenvolvimento predatório” que tem patrocinado seu governo.

O que se desvenda dessa obsessão pelo poder do jovem e esperto governador é que ele age muito mais como amigo das raposas, de que como predador. Basta ver seus acordos e alianças espúrias pelo Brasil afora, nada programáticas, formando o bloco dos econeoliberais socialistas, voltados a um único objetivo: ascender ao poder de presidente da República. E ainda diz o que todos querem ouvir, que é necessária mudança profunda do sistema político. Só acredita que não o conhece.

O importante nessa estória toda é não esquecer do passado recente do jovem-velho e ficar atento, pois a caça pode ser você.

Um comentário:

Renato César Arêas Siqueira disse...

O pior de tudo foi a opção de união da Marina Silva, que se auto-intitula "diferente", com este "pulha engomado", justamente por apresentar proposta política que não tem lugar no PT no PV, rompendo com a esquerda para a fundação de um novo partido, que pelo visto não tem nada de muito de novo.
Que País é esse?