sábado, abril 06, 2013

Mecanização do setor canavieiro e repercussão sobre a mão de obra

Uma matéria de página inteira do jornal Valor, da quarta-feira, de 03 de abril, fez uma radiografia sobre as mudanças geradas na força de trabalho com a introdução do corte mecanizado da cana-de-açúcar em todo o país, embora a maior parte de dados seja para a região centro-sul.

A matéria (pelas manchete e título) de certa maneira tenta mostrar que os trabalhadores que saíram do corte foram aproveitados em outras atividades e isto não é verdade.

Porém, ela traz informações interessantíssimas sobre o momento da economia nacional em que se fez esta migração deste pesadíssimo trabalho (basicamente concentrado em SP, e agora MG e MT/GO e iniciando aqui no NF e quase inexistente ainda no NE) sobre a redução.

Bom que este processo tenha acontecido num momento em que o emprego é um dos mais baixos da história recente do nosso país. Além disso, deve se considerar que este tipo de trabalho pesado, insalubre, não é algo que se deseje para o ser humano, pelo menos com a jornada que temos.

Em São Paulo, por anos seguidos foram identificadas muitas mortes no exercício deste trabalho, sem causas aparentes, que muitos atribuem ao brutal esforço físico. Pela quantidade de calorias queimadas, eu digo que é como se o cortador de cana, jogasse o equivalente a mais de uma partida de futebol por dia. E todos nós sabemos que entre uma e outra partida, o ideal é ter 72 horas de folga.
Infográfico do Valor. Para ver imagem em tamanho maior clique sobre ela
Pelas tabelas e gráficos é possível der que o aproveitamento na própria indústria sucro-alcooleira é pequena (497 mil trabalhadores em 2007 e 506 mil em 2012, uma diferença de pouco mais que 1% comparado com os quase 40% da redução de pessoas no corte de cana.

É interessante também observar a informação sobre a redução da produtividade com o uso das colheitadeiras, que nos últimos 3/4 anos caiu de de 85 ton/ha para 70 ton/ha. Os produtores estimam que de 8 a 10 toneladas a menos se dá em razão da mecanização.

É ainda oportuno observar como os donos das usinas e os produtores rapidamente se ajustam às novas realidades e condições impostas pelo trabalho mecanizado.

Um dos maiores fornecedores de cana para as usinas diz que eles tiveram que reescrever os seus manuais de manejo da cana e que novas variedades de cana mais foram produzidas, se adaptando às máquinas. Estas novas variedades ficam mais em pé e brotam melhor sob a palha foram" sendo melhor aproveitadas.

Seria interessante pesquisar os desdobramentos da implantação da mecanização em nossa, cada vez mais reduzida, lavoura canavieira. É possível que pesquisadores da Uenf ou da UFRRJ possam estar tratando do tema.

Para as pessoas do setor, para estudantes e pesquisadores e mesmo para quem realiza estudos econômicos e regionais a matéria pode ser lida na íntegra aqui.

A reportagem de pagina inteira, B-16, do Valor, do dia 3 de abril foi disponibilizada em diversos sites, mas, os dois boxes com textos complementares "Com máquinas, diminui rendimento de canaviais" e "Construção civil se torna principal opção para o trabalhador" só estão disponibilizadas para assinantes.

Se desejar saber mais sobre este processo de trabalho e sobre os danos à saúde dos cortadores de cana clique aqui.

4 comentários:

Anônimo disse...

Mais um líder do MST foi morto em emboscada.

Roberto Moraes disse...

Do que se trata?

Roberto Moraes disse...

Ranço direitista e preconceituoso não será aceito aqui.

Anônimo disse...

Lider do MST é assassinado na frente da família, na terça feira, no sul da Bahia:
http://glo.bo/16xyaxf