domingo, maio 10, 2015

Mãe

Há exatos dez anos, também em maio, e no Dia das Mães, eu escrevi o texto abaixo em sua homenagem. Repito-o com o prazer multiplicado muitas vezes, para além desses dez anos, por poder estar compartilhando com e minhas irmãs Tânia e Márcia, todos esses dias destas nossas jornadas. 

Com a republicação do texto também aproveito para abraçar a todas as mães, pelo que representam diariamente em nossas vidas. Para elas não temos nossos inúmeros defeitos, desvios e problemas, são passageiros e como tais passíveis de perdão, virtude que elas nos oferecem, sem nunca pedir nada em troca.

Mãe
Não sou poeta, gostaria de sê-lo, para neste momento poder expressar com lirismo e rima, aquilo que sinto. As mães são merecedoras que seus filhos, todos, fossem poetas para retribuir parte daquilo que elas nos dão durante nossas vidas.

Minha mãe é uma pessoa simples. Cresceu acompanhando a luta do pai, "O caboieiro do pé rachado”, no seu cotidiano de homem do campo que criou oito filhos. Casou cedo como era comum à época.

Desde nova apreciou a leitura de romances que nem a luz de vela a fazia desistir. Foi também desportista praticante de vôlei no antigo Colégio São Salvador na Rua Formorsa. Guarda até hoje o gosto pelo esporte que a faz varar madrugadas no acompanhamento de competições de diversas modalidades.

Sempre foi religiosa sem pieguice e com uma evolução de discernimento que supera a média daqueles que se escolarizaram só até o atual ensino médio. Dedicou a maior parte da sua juventude às tarefas domésticas, já que aos vinte e dois anos, possuía dois filhos que muito a exigia. Teve no total quatro filhos, do qual sou o único homem.

Suas maiores dores foram as perdas de entes mais próximos. Dois por acidentes automobilísticos, o irmão mais velho e a filha mais nova. A morte da mãe, após um aneurisma, doeu tanto na alma quanto o sofrimento da doença e da morte do esposo, meu querido pai.

Porém, na sua semana, aqueles que ainda possuem suas mães, não têm direito de cultivar a tristeza. Sinto profunda alegria de reconhecer a sua força para reagir e enfrentar as adversidades. 
Na Plaza de España, em Barcelona, no dia 20/12/2014.

A melhor recordação que levarei para sempre comigo foi o passeio que fizemos juntos a Portugal, Espanha e França em 2000 com a sua estimada e minha Tia Elô.(Agora, em 2015, eu acrescento o Natal e o Ano Novo, em Barcelona, quando de um período de meus estudos e pesquisas na Europa). Ali vi de perto a sua fome de conhecimento e de sentimento estético ao visitarmos pontos turísticos e históricos.

Minha mãe possui muitas outras virtudes. Sempre buscou ajudar nas tarefas da família não só com os cuidados destinados aos filhos, mas, também nos seus bordados que ainda hoje são lembrados pela fama de bom gosto, delicadeza e acima de tudo criatividade. 

Precisei enfrentar junto com ela as adversidades e avançar nos estudos para identificar outra característica, a de pessoa empreendedora que gosta de fazer as coisas, embora, quase sempre prefira a ajuda filantrópica ao comércio remunerado.

Ao refletir sobre o interesse que o leitor poderá ter neste texto de caráter tão pessoal, concluo por me considerar contemplado, se conseguir fazer com que, pelo menos uma única pessoa, após a sua leitura, se interessar em fazer o mesmo, transmitindo em texto ou de forma pessoal, o reconhecimento e o agradecimento pela dedicação que sua mãe fez ou ainda faz.

Como já disse, versos que não sei fazer, mas tenho um amigo, Dr. Luiz Alberto Mussa, que fez em homenagem à sua: “Mãe.../ Desde então /Não há palavra ou pensamento bom, /Nenhuma essência de perfume ou cor /Que signifique tão imenso amor... / Nem há poema ou sinfonia, nada, / Nem há delicadeza e nem palavra /Que signifique ou soe tão delicada... / Mãe... / Basta dize-la prá trazer na voz / A luminosidade de um milhão de sóis... / No inicio era o verbo / E o verbo se fez mãe /E habitou entre nós...” 

Parabéns a todas as mães e um abraço especial à minha mãe Eliete.

2 comentários:

Anônimo disse...

Curioso ver como fui atacado aqui em outras vezes por ser empreendedor, por ser conservador e por ser religioso (Cristão). As mesmas características de vossa mãe. A figura da mãe é o cerne da imagem da família, a mesma família tão atacada por setores ideológicos, apenas por discordarem do que foi feito com seu país.

Mas é bom saber que lá no fundo, que eu, sua mãe e grande parte da população só desejamos viver com liberdade de todo modo, seja de expressão ou religiosa.

Parabéns pela mãe e que ela ainda tenha muito a ensinar a quem a rodeia. Feliz dia das mães!

Roberto Moraes disse...

Até para interpretar a relação entre um filho e uma mãe o "anônimo" mais conhecido do pedaço, quer pretender dizer como tem que ser o mundo e a forma como o blogueiro se relaciona com a sua mãe.

O blogueiro nunca atacou e criticou quem empreende.

As críticas ao "anônimo mais conhecido aqui do blog é que pretendeu dar lições de moral, usando falsos moralistas, que empreendem.

Outro engano é a tentativa de apropriação do termo ou verbo) empreender, como se todos os que o fizessem tivesse que ser no campo comercial.

Tantos empreendem em tantas outras coisas, no campo cultural, religioso, voluntário, etc.

Até no dia das mães, aí sim, um data que se tornou se amplia cada vez mais, quase que apenas para esse campo comercial, o "anônimo" faz questão de realçar suas diferenças.

No entanto, isso não é ruim. Ao contrário. Bom que novamente de forma dialética e crítica continuemos a listar as diferenças de concepção do mundo.

Mesmo sendo para mim anônima e desconhecida desejo à mãe do "anônimo comentarista" as saudações que todas as mães merecem conforme busquei realçar no texto.

E sigamos em frente!