segunda-feira, abril 08, 2013

"Tudo que é sólido desmancha no ar"

A frase é de Marx e também virou um belo livro do Marshall Berman, acompanhado do subtítulo "As aventuras da pós-modernidade".

Voltei a elas ao vasculhar escritos de economia e política para um artigo científico.

Em plena pós-modernidade, elas parecem mais vivas até do que antes.

Tratando e ligando a afirmação aos riscos dos projetos de grandes empreendimentos vale ainda recordar outra análise do velho Marx que disse:

"Quase todas as crises dos tempos modernos estão relacionadas com o desarranjo nas proporções entre o capital fixo e o capital "floating" (voador - hoje chamado de capital financeiro - dos bancos e fundos de investidores).

Quem domina a macroeconomia costuma chamar o capital financeiro de líquido, sendo assim, o capital fixo é aquele que é aplicado no território, que por contraste, seria sólido, ligado à economia real e não à chamada riqueza fictícia.

Diante destes conceitos não é difícil imaginar que uma dívida do tamanho de R$ 20 bilhões de um empreendimento, ainda em fase pré-operacional, com muito alvoroço e especulação, que ele esteja efetivamente vivendo um desarranjo, nas suas proporções, exatamente, na passagem do estado líquido para o sólido.

Em meio aos aos grandes fluxos de capital e à localização estratégica do Complexo do Açu e, diante das grandes demandas de operações logísticas, inclusive por conta do pré-sal, talvez, ainda seja possível, tapando o vazamento dos capitais líquidos, rearranjar as proporções lá pelas bandas do Açu. A conferir!

PS.: Atualizado às 18:46: A informação gerada pelo Valor Online às 17:24, só vem ratificar o que foi dito acima. Confira:

"O governo acredita que o principal desafio do grupo ‘X’ não é financeiro, mas sim uma crise de confiança no mercado. Para melhorar essa situação, o governo tenta assegurar a demanda pelo Porto de Açu; Como resultado, a Petrobras foi acionada para iniciar negociações com o grupo."

5 comentários:

nathália gomes disse...

Vejo sim, uma crise no mercado. Porém em razão unicamente de uma crise institucional( de governo fedreal). País que NÃO RESPEITA CONTRATOS, logicamente é muito mal visto por empreendedores(investidores), que prefere investir, em países mais seguros.

Alguém colocaria seu dinheiro, em negócios, num país que muda as regras do jogo, da noite para o dia, desrrespeitando contratos ?
Quem não se lembra, do ex Presidente da República Fernando color de Melo, que não respeitando os contratos , as regras do jogo da época, confiscou a poupança,do povo brasileiro ? Ninguém gostou dessa atitude.
É o que está acontecendo com o Brasil de hoje, os investidores, os empresários, não confiam que os contratos irão ser respeitados, apesar das promessas do governo, diga-se principalmente Camara e Senado, caso mais recente, a partilha dos royaltes.

Na verdade quem sai perdendo é o povo, que com a falta de investimento,menos emprego se cria e além do mais, a massa salarial se torna baixa, pela baixa qualificação da mão de obra.

Roberto Moraes disse...

A nota trata de uma crise e disputa entre capitais líquidos e sólidos.

O que o problema tem a ver com quebra de contratos?

Érica disse...

Tá rolando na mídia, revistas e jornais, que o governo federal, estaria disposto a usar o dinheiro do contribuinte, para bancar as empresas do Eike Batista, que estão quase derretendo. A Petrobras, que é empresa do povo e não de nenhum governante, estaria prestes a se envolver nesse negocio da china, para evitar a quebradeira das empresas X. Iso é um absurdo, um desrrespeito ao povo brasileiro, que na sua grande maioria vem sofrendo grandes problemas na s áreas de saúde, educação e infraestrutura e o governo federal, se envolve tão pouco, para resolvê-los.

Pedro Paulo disse...

Em regra as empresas voltam sua produção para o grande mercado consumidor. Funciona quase que unilateralmente, sem necessidade de outras.
Porém, no caso específico, do Porto do Açú, caso vá a frente, funcionará intimamente ligada a um pool de empresas, um conglomerados, pois a atividade fim, é a exportação de produtos, basicamente para o exterior países asiáticos e outros, daí o problema levantado, anteriormente , pois essa empresas na sua maioria de capital estrangeiro, devido a crise inrternacional, bem como preocupados, com possíveis falta de cumprimento de contratos, por parte de nossos governantes poderiam estar reticentes em investirem no Porto do Açú, pelos motivos expostos,logo o resultado é esse que estamos vendo, governo federal querendo botar mais dinheiro, no grupo X, além do que já foi investido pelo BNDES, Banco do Brasil e CEF.

Roberto Moraes disse...

Desculpe,

Mas os problemas no Complexo do Açu não têm nenhuma relação com o que disse:

"falta de cumprimento de contratos, por parte de nossos governantes poderiam estar reticentes em investirem no Porto do Açú".

Os problemas decorrem da negociação com os investidores (da captação e de fluxos de capitais), da desconfiança sim de que poderão com o investimento em capital fixo no Açu obterem rendimentos maiores.

As siderúrgicas deixara e ir para o Açu, porque sobre aço hoje no mercado.

A Ternium que tinha US 5 bilhões prontos e separados para colocar no projeto já licenciado no Açu, preferiu comprar 25% da Usiminas e não ter que esperar 5 anos de construção para ter aço, chapa grossa para alimentar outra siderúrgica do grupo no México, que estava trabalhando a meia carga e só faz o processo final da laminação a frio para chapas finas.

Além disso, não tinha garantias de fornecimento de gás pela Petrobras para usar no seu processo.

Assim adiou (suspendeu) o projeto e ainda está em negociações para comprar a CSA do grupo alemão Thyssen em Itaguaí, o que praticamente, suspende mesmo num futuro mais adiante o interesse no Açu.

A siderúrgica chinesa Whuan (Wisco) que entrou de sócia minoritária da MMX e tinha promessa de também vir para se instalar no Açu com a sobra de aço no mundo suspendeu (ou adiou) o projeto. A Wisco reclama que o empreendimento está muito atrasado, também reclama de garantia para uso de gás e, de mais a mais produz aço na China por quase a metade do que iria produzir aqui. Seu maior interesse é o mercado brasileiro e o pré-sal, mas, há um limite para este interesse.

Outro problema é a empresa de óleo OGX que captou muitos recursos (a de maior valor) e que não entrega hoje, nem 1/3 do projetado, comprometendo outros projetos até mesmo do grupo como o estaleiro OSX com as plataformas.

Enfim, poderia citar mais argumentos, mas, é desnecessário, para indagar de onde vem o que falou:

"falta de cumprimento de contratos, por parte de nossos governantes poderiam estar reticentes em investirem no Porto do Açú".

Acho que andam misturando muitas coisas e informações.

Quer um exemplo, a questão dos problemas de estacas divulgados esta semana que seria no estaleiro. Não é verdade o problema é (foi) na construção do terminal TX-1.

Enfim, é bom acompanhar com mais detalhes e analisar melhor todo o processo até para fazer as críticas que o empreendimento merece, por uma série de motivos que temos expostos regularmente aqui no blog.

Sds.