terça-feira, outubro 01, 2013

Partilha & inflexão a partir do pré-sal

Os fatos atuais e as circunstâncias permitem que se compreenda que o estabelecimento do novo marco da regulação do petróleo, com a assunção do critério da partilha, substituindo o modelo de concessão pode ter sido o que de mais correto poderia ser feito naquele (ou mesmo neste) momento.

O esticar de corda e a não inscrição das duas americanas (Chevron e Esso) e inglesas (BP e BG), a espionagem, a matéria da revista Economist reforçam o argumento e sugerem de forma clara e límpida, a constituição de uma resistência contra o nosso país.

Está em jogo a imposição de um tensionamento. Que se estenderá às próximas eleições presidenciais e, muito provavelmente, terão outros capítulos escritos, conforme os resultados das urnas.

Há um esforço para limitar, controlar e novamente subjugar o nosso desenvolvimento. Assim como aqui, lá fora, se enxerga que se está diante de uma janela de oportunidades.

Diante das visíveis e atuais limitações americanas e europeias, há um esforço para tentar evitar uma possível e cada vez mais provável inflexão em direção aos Brics.

O leilão da ANP poderá reforçar este sentido, sem contudo, propor rompimento com as antigas alianças, mas, sobretudo, reforçando outras, num processo de ampliação da autonomia (ou de rompimento da secular dependência). Nesta linha a capa da Economist é apenas o começo de uma grande aposta. A conferir!

5 comentários:

Ranulfo Vidigal disse...

Nesta noite de temperatura agradável acompanho com atenção ao desfecho do impasse no Congresso Americano, na questão orçamentária e a legislação da área de saúde. Aproveito ainda, para ler atentamente as análises de conjuntura sobre esta crise econômica, financeira e social que se arrasta nas principais economias do planeta. Esta crise, inegavelmente, tenderá a abrir uma nova fase de mudanças e reestruturações no interior do sistema capitalista mundial liderado pela Alemanha de Merkel, na Europa e por Obama, nos EUA. Nesse contexto, a China - uma economia altamente planejada parece estar criando uma área de influência de países fornecedores de bens primários, ou intensivos em recursos naturais ( aço, alimentos e petróleo). No Brasil, o leilão de LIBRA, a ser realizado pela ANP vai apresentar surpresas com empresas chinesas predominando. Nesta configuração é que se coloca o futuro do CLIPA - no Açú. Nesta terça feira, por orientação do Prefeito NECO, estarei realizando minha primeira reunião de trabalho, com a alta gerência do Porto, na busca da consolidação de uma governança público/ privada que potencialize os empreendimentos em nossa cidade, gerem empregos produtivos e renda bem distribuída para todos.

Matheus Crespo disse...

O setor petróleo é exatamente a expressão do que discutimos no post da dívida, um governo que tenta se equilibrar entre interesses e forças antagônicas por natureza.

O governo não tem recurso suficiente à disposição para financiar sozinho a operação no pré-sal, por estar com a capacidade de investimento estrangulada, primeiro pelo sistema da dívida e segundo pelo sistema político, que consome parte do orçamento que resta para investimento, molhando a mão das elites regionais e locais em troca do apoio de seus parlamentares no congresso. O alto preço da governabilidade.

Nesse cenário o governo abre para leilão um recurso estratégico, o que por si é abominável. Ao mesmo tempo adota o modelo de partilha, cria uma empresa gestora com a pré-sal petróleo e garante algumas vantagens à Petrobrás no leilão, como cota mínima, etc. Tudo parte dessa política compensatória a que me referi. Tipo de regulação que essa oposição mais liberal não tem nem escrúpulo mínimo pra propor.

É uma proposta de governo que tenta buscar um equilíbrio insustentável, ou outra que nem isso pretende. A conta não vai fechar, uma hora alguém sempre tem que perder, para que seu antagônico possa ganhar. Não há empate nessa sociedade de classes.

Matheus Crespo disse...

Caberia aí questionar o modelo de atuação do BNDES, que pelo que se sabe, hoje é um dos principais bancos de investimento do mundo.

Teria adotado estratégias equivocadas na hora de colocar o dinheiro? Ou estaria também comprometido nessa disputa de interesses e condicionado pelo capital nos seus investimentos?

Até porque, pelo que sabemos, boa parte da capitalização do BNDES vem por meio de repasses das vendas de títulos da dívida pública. Quem está comprando esses títulos certamente pede a conta de alguma maneira.

Ou seja, limito seu orçamento com juros de dívida já existente, não invisto em produção direta, ao contrário torno-me seu credor, te obrigo a se endividar cada vez mais pra financiar a economia real e por fim, ganho rios com rentismo e especulação. Lembrando que título da dívida é considerado um dos investimentos mais seguros no mercado financeiro. É um sistema viciado.

Anônimo disse...

Marcos Souza disse...

A respeito do pré-sal concordo com o Ranulfo, o Brasil apesar de todos os problemas de gestão que vem de décadas é um pais promissor que tem condições de se tornar uma potencia, por isso existe uma politica internacional por parte de algumas potencias que tenta manter o país em uma situação de dependência tecnológica, pois isso fiquei satisfeito em saber que o Brasil esta buscando novos parceiros e fugindo desse eixo que escraviza nações para garantir a sua qualidade de vida.

Roberto Moraes disse...

Um bom debate com informações novas e um aprofundamento no tema que está na ordem do dia.

Confirma este artigo do "Outras palavras"

http://outraspalavras.net/blog/2013/09/30/crise-global-a-alternativa-da-china-e-o-que-ela-diz-ao-brasil/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=crise-global-a-alternativa-da-china-e-o-que-ela-diz-ao-brasil