quarta-feira, junho 13, 2012

Engenheiro detalha riscos em ponte na Rodovia dos Ceramistas

O engenheiro José Ronaldo Saad presta mais um serviço público com as informações que encaminhou ao blog por e-mail sobre os riscos da ponte sobre o Canal Campos-Macaé:


"Sr. Roberto Moraes
Relato a situação crítica por que passa a ponte sobre o Canal Campos – Macaé na Rodovia dos Ceramistas, RJ 238 (Ururaí a Donana).
Noticiei o caso primeiramente ao Engº George Mendes, Inspetor do CREA–Campos por telefone, nesta data, e sua resposta é plenamente ratificada pelo Portal do CREA-RJ, onde se afirma que “Não compete ao Crea-RJ a fiscalização de denúncias relativas a Riscos de desabamento e questões de segurança em edificações, que deverão ser encaminhadas aos órgãos responsáveis”. E o site indica, nestes casos, a Defesa Civil.
http://www.crea-rj.org.br/creaonline/, (nos links: “PÚBLICO”, “DENÚNCIA ONLINE”)

Além da perplexidade causada pela posição do CREA, que se exime quando lhe deveria caber em primeiríssima mão a preocupação com a sociedade no que diz respeito à Segurança Pública, quando o risco é derivado de atividade que teve de ser aprovada e fiscalizada pela instituição – tem-se o fato de que em se tratando de obra em uma rodovia estadual, o Município não teria ingerência no assunto.

Mas, porque não foi tomada ainda nenhuma providência efetiva por parte do órgão estadual, o que importa a essa altura é que a informação seja divulgada com a MÁXIMA PRESTEZA.
E a blogosfera vem demonstrando ser a alternativa de maior eficácia entre as demais: o Poder Público Municipal, a Mídia convencional e o próprio Ministério Público, que vêm primando pelo silêncio e pela inoperância frente aos interesses coletivos, quando não pelo acobertamento imperdoável face às recorrentes denúncias registradas.

Em 2 dezembro 2011 encaminhamos àResidência de Obras e Conservação do DER – RJ, na pessoa do Dr. Ivan do Amaral Figueiredo, laudo preliminar de vistoria efetuada na citada obra.
Essa segunda ponte – de estrutura e execução idênticas à outra, na mesma rodovia, sobre o Canal Campos-Tocos, e na qual havíamos procedido a uma profunda intervenção com o objetivo de reforçar suas peças metálicas que apresentavam diversas rachaduras em suas longarinas de sustentação - mereceu as seguintes observações, àquela época:

 “...
Cumpre-nos alertar a V.S. que a realidade que constatamos nesta segunda ponte supera as piores expectativas iniciais.
A obra se encontra, a nosso ver, próxima de um colapso estrutural.
As emendas das peças constituintes das mesas inferiores das seis longarinas metálicas (chapas de 15” x 5/8”) estão posicionadas rigorosamente alinhadas umas com as outras, no sentido transversal. Ou seja, na fabricação das vigas e na sua montagem na ponte não foi respeitada NENHUMA DEFASAGEM entre elas, o que possibilitará, com o fracasso de uma, o efeito cascata nas demais.
A qualidade da soldagem nas emendas dessas chapas – que detêm a exclusiva responsabilidade estrutural da ponte quanto aos esforços de tração – é PRECARÍSSIMA. As fotografias anexadas denunciam a deficiência.
O quadro é preocupante.
“Uma justificativa plausível para já não ter ocorrido o seu colapso, decorridos seis a sete anos de utilização contínua, é que a demanda predominante dessa rodovia é por caminhões leves, se comparados aos pesados rodo-trens que demandando o Porto do Açu irão trafegar por ali com suas cargas de 70 a 80 toneladas, conforme anunciado pela LLX.
A agravante de não existir aí a possibilidade de desvio do tráfego para uma eventual situação emergencial (a primeira ponte, sobre o Canal Campos/Tocos, dispõe ao seu lado, fortuitamente, de uma antiga estrutura de concreto por onde está sendo conduzido o tráfego durante as obras de reforço) deveria ser relevante na tomada de uma decisão com o alcance necessário a prevenir evento futuro na segunda ponte, que poderá vir a causar danos materiais, financeiros e humanos imprevisíveis.”

Infelizmente, em maio deste, constataram-se tais previsões e a segunda ponte começou a apresentar fissuras generalizadas em sua estrutura metálica.

Em 28 deste mesmo mês, por solicitação da Residência, assinalamos em nova correspondência ao DER:

“....
“Devemos ressaltar que a continuidade viária da RJ-238 está perigosamente comprometida por essas falhas, e mais que isso, deve-se pressupor, em homenagem à segurança, que se anuncia um possível colapso estrutural, conforme vistoria realizada e documentada nas fotografias que evidenciam o início de uma ruptura generalizada das soldagens ao longo de suas longarinas.”
“Nem seria necessário destacar que esse quadro patológico se manifesta justamente após alguns meses do início do incessante transcurso dos citados equipamentos especializados em transporte de pedras. A oscilação vertical que se constata como efeito da passagem desses veículos aparenta ser de maior amplitude que o da primeira ponte.”

Lamentavelmente, a burocracia oficial impede até o momento a implementação imediata das ações cruciais exigidas nas circunstâncias e, para piorar, a decisão administrativa está atrelada à remota capital do Estado. 
Esta é a informação que, como cidadão e profissional, cabe-me divulgar, em benefício dos desavisados usuários dessa via, que estão sendo submetidos, inconseqüente e criminosamente, a severo risco.
Saudações,

Jose Ronaldo Ornelas Saad
Eng.civil CREA 18322

(c/c para o blog do Sr. Fernando Leite)"

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