quarta-feira, julho 03, 2013

Um semestre depois a confirmação que o Maraca é outro

Um leitor do blog sugeriu por email que republicássemos uma nota aqui postada, no dia 8 de dezembro de 2012, sobre o que simbolizavam as mudanças no Maracanã, que um semestre depois, se transformou naquilo que já se intuía, um espaço elitizado, aliás, como foram as plateias dos jogos da Copa da Confederação que vimos pela televisão. Atendendo o pedido republicamos abaixo a nota:



"Os camarotes do Maracanã agridem!""Me sinto agredido quando vejo as imagens que mostram a ostentação dos 110 camarotes, com 80 m² cada um, nas obras ainda a serem concluídas do"novo" Maracanã.

Tiraram o povo da geral para levar a elite, apartada até da classe média, para aquele espaço tradicional das disputas do futebol, onde os espetáculos eram democráticos e para as diferentes classes.

Tudo bem (em termos) vivemos numa sociedade capitalista.

Porém, é possível estabelecer limites para evitar estas agressões ao tipo de vida que levávamos aqui nos trópicos.

No caso de futebol esta agressão é ainda mais simbólica. Poderiam nos ter poupado no lazer e naquilo que é uma das nossas maiores tradições: o futebol.

Tentam (e estão conseguindo) implantar por aqui, um modo de vida que não é nosso. Uma cultura que sendo diferente, merece respeito, porém, mais respeito, merecemos nós, em nosso território, com as nossas idiossincrasias, mas, como a nossa identidade.

Aquela imagem do trabalhador simples curtindo e torcendo pelo seu time, seu clube, em pé, ao lado do gramado, que enchiam as páginas dos jornais da segunda-feira que seguia aos jogos dos finais de semana, será substituída pela imagem de celebridades batendo palmas para as câmeras nesta sociedade espetáculo.

O meio termo disto já vem sendo mostrado pelas televisões, que tentam dividir as imagens do futebol com as opiniões das "celebridades". Parece mais até uma vacina de acomodação para um "modo novo e elitizado" de assistir futebol como se fosse qualquer espetáculo.

O jogo de futebol antes de ser espetáculo, era um evento em que o torcedor era chamado a participar para incentivar seu time mudar o resultado e o script de uma cena previsível.

Assim, daqui a pouco vão acabar estabelecendo uma nova lógica em que o espetáculo pode valer mais que a disputa esportiva.

O torcedor? Aquele torcedor tradicional, empolgado que se entrega à torcida, quase irracional não vai estar mais no Maraca. Aliás, já foi sendo vacinado e se acostumando à televisão paga. Em casa, ou no bar da esquina, através do "pay per view" assistirá, mas, não mais lutará junto com o seu time (clube?) a conquistar a vitória e o título.

Mundo esquisito este. No Brasil tiveram a ousadia de mexer até com o nosso futebol.

Quem quiser que ache isto normal e continuem iludidos chamando isto de progresso. Para mim involuímos. Retrocedemos. Até onde? Até quando?"

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