terça-feira, maio 15, 2012

Detalhes da negociação da ferrovia do Açu


Desde a vinda da presidenta Dilma ao Açu se fala mais fortemente sobre o avanço das tratativas da ferrovia de 348 km ligando o Porto do Açu, ao Comperj e a Sepetiba na região metropolitana do estado. O acordo ainda não foi firmado, mas, pelos detalhes do projeto é possível verificar que a modal de transporte ligando o porto do Açu está avançando e com previsão de sair de estar operacional em quatro anos. Veja abaixo matéria veiculada hoje no jornal Valor:

“FCA e LLX negociam ferrovia de R$ 1,67 bi no Norte Fluminense”
Por Francisco Góes | Do Rio

“A Vale e a EBX estão retomando o projeto de construção de uma ferrovia em bitola larga no litoral do Rio de Janeiro com investimentos de R$ 1,67 bilhão. As negociações são complexas e envolvem a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), controlada pela Vale, e a LLX, empresa de logística da EBX. O Estado do Rio e o governo federal também participam das tratativas, que entram em fase de definição. A obra prevê a adequação de trechos existentes e a construção de partes novas.

O Corredor do Norte Fluminense, como o projeto vem sendo chamado, terá 348 quilômetros entre Ambaí, na região metropolitana do Rio, e o porto do Açu, em São João da Barra, no Norte do Estado, projeto da LLX. Em um cenário otimista, quando estiver operacional, a partir de 2016, a ferrovia poderia transportar 18,9 milhões de toneladas por ano, incluindo minério de ferro, carvão, produtos siderúrgicos e petroquímicos.

A LLX é a maior interessada no projeto, uma vez que a ferrovia será um pilar para o desenvolvimento do complexo industrial do Açu, onde está prevista a instalação de várias empresas. "A decisão de fazer [a ferrovia] está tomada e há convergência de interesses", disse Otávio Lazcano, presidente da LLX.

A FCA também tem interesse em tornar viável um corredor logístico na região, com o desenvolvimento de novas cargas, uma vez que a empresa é a concessionária de grande parte do trecho onde se pretende construir a nova ferrovia. Esse trecho da FCA está subutilizado. Mas a negociação não é simples, apesar de as duas empresas terem assinado dois memorandos de entendimento. O primeiro foi acertado em agosto de 2011 para desenvolver estudo de viabilidade técnica e econômica. O segundo acordo foi celebrado no fim de abril, quando a presidente Dilma Rousseff visitou o porto do Açu.

Pablo de la Quintana, diretor de desenvolvimento da LLX, disse que o segundo memorando vai aprofundar os estudos. Em três meses, poderão estar definidos os termos de referência para se chegar a um projeto detalhado e à melhor forma de licenciar a ferrovia, previu. Um dos trabalhos é refinar o investimento, que poderia ser 30% maior do que a estimativa inicial e chegar a R$ 2,17 bilhões. A prerrogativa de licenciar ferrovias é do Ibama, mas como o projeto está dentro das divisas do Rio o licenciamento poderia ser estadual.

A partir de agora, a expectativa é assinar um protocolo de intenções mais amplo entre setor privado, Estado do Rio e União. Os termos desse novo acordo devem ser submetidos de forma prévia ao ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. Com o aval de Passos, o protocolo seria assinado e se daria continuidade ao estudo de viabilidade técnica e econômica. Em paralelo, deve ser aprofundada a discussão sobre o modelo institucional da ferrovia. Por enquanto, não está claro quem iria investir no projeto, quem seria o gestor da malha e quem iria operar os trens.

A LLX garante demanda de carga, mas não deve investir no projeto. Uma possibilidade é que a FCA possa investir, mas isso passa por discussões da concessionária com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) sobre termos de ajustamento de conduta (TACs) vencidos. A FCA poderia realizar investimentos na nova malha ferroviária do Rio como forma de compensar esses TACs. Um empecilho para a FCA investir pode ser o vencimento de sua concessão em 2027, prazo que seria insuficiente para retomar o investimento na nova malha. A LLX estima retorno de 12% ao ano para os acionistas com a operação da nova ferrovia.

Outro cenário poderia ser uma licitação para subconcessão da nova ferrovia no Rio por parte da Valec, empresa ligada ao Ministério dos Transportes. A Valec é concessionária da Estrada de Ferro 354, que tem trecho paralelo ao da FCA no Rio. O presidente da Valec, José Eduardo Castello Branco, descartou essa hipótese: "A Valec espera que a iniciativa privada aporte os recursos para a ligação em bitola larga ao Açu."

A FCA afirmou que os estudos desenvolvidos com a LLX consideram a análise da ferrovia em bitola larga e métrica. "A adoção por um modelo ou outro dependerá de análise econômica e financeira." O governo do Rio e a LLX falam só em bitola larga, importante para ligar a nova ferrovia à malha da MRS. A MRS afirmou que acompanha as negociações e tem interesse em participar da operação da nova malha.”

4 comentários:

Anônimo disse...

Mais dinheiro público para Mr. Eike Batista, poderiam usar essa ferrovia para transporte de passageiros também, principalmente no trecho de Campos - Macaé e Campos - SJB. Um transporte barato, pelo menos se as passagens forem com preços condizentes.

Roberto Moraes disse...

Se o(a)s prefeitos(a)s estivessem mais atento(a)s aos interesses da população esta posição estariam buscando esta possibilidade surgida da modal para o transporte de caraga para iso do transporte de massa (ferroviário) para nossa populção entre SJB, Campos, Macaé, etc.

Já tocamos nestes assinto aqui pelo blog diversas vezes e seu comsntário possibilita a rediscussão do tema.

Só não teria interesse nisto os donos das empresas de ônibus, especialmente da 1001, mas, os prefeitos não tem relação com isto, ou têm?

Sds.

Raposo disse...

Prof.

Infelizmente, o transporte ferroviário não é do interesse dos governos, especialmente o federal.
O transporte rodoviário sim, esse mantém aquecida a economia, dá mais empregos, gera mais arrecadação de tributos, as montadoras vendem mais, transportadoras, empresas de ônibus, comércio de reposição de peças, combustíveis, funerárias, etc.
Sim, é um transporte muito mais caro, ineficiente, que agride mais o meio ambiente, mas e daí?!
Quem paga essa conta é o povo.

Essa é a receita do crescimento do país e de ficar imune à crise mundial: criar demanda no mercado interno a qualquer custo para abastecê-lo.

Anônimo disse...

Alguém tem dúvida de que há uma cachoeira em relação a algumas empresas de ônibus? Se os prefeitos tivesse interessados abririam ao menos licitações sobre isso para tentar diminuir o preço dessa passagem.