segunda-feira, maio 28, 2012

"Quem nos protege da Justica?"

O blog recebeu da professora Maria Lucia Moreira Gomes a carta-questionamento e de desabafo que merece ser lida e refletida:


"Quem nos protege da "Justiça”?"
Caso I
"Em 2009, comprei um carro numa concessionária bem conceituada de Campos dos Goytacazes, e na qual comprei vários carros ao longo de muitos anos. Adquiri um carro 2008 e até hoje, 2012, não tenho o documento de circulação do carro, nunca vi o DUT deste carro e não há quem me dê satisfação disso.

Mas o pior não está aí. O carro foi financiado por uma arrendadora (financiadora), também bastante conhecida na cidade, que sequer tem uma loja aberta para atendimento a clientes. Só vemos alguém desta empresa quando eles aparecem como urubus em concessionárias de carros para a efetivação do “grande golpe”. Depois do fato consumado, 0800... e mais nada, nada mesmo, porque os pobres funcionários  que nos atendem não fazem nada a não ser enrolar o consumidor, para o qual eles deve ser bem capacitados.

Diante do impasse de quase 4 anos em busca de um documento que me pertence, recorro ÀQUELA que me poderia, a rigor , me defender e proteger: a JUSTIÇA. Processo corre e, a um pedido de tutela antecipada, me é negado o pedido, alegando o excelentíssimo juiz não ser o caso de “dano irreparável ou de difícil reparação.”  Até hoje quero saber do juiz em questão se ele não considera andar com um carro sem documentação um dano de difícil reparação, já que invariavelmente, escondo-me de blitz e deixo de viajar com um carro, pelo qual pago em dia o financiamento,  optando por ônibus ou caronas, sob o medo de ser pega e o carro apreendido. Como retirar um carro apreendido se não tenho documentação?

Mas o caso não termina aí, aliás está apenas começando. Processo correndo, são vergonhosas as contestações dos digníssimos advogados das partes rés: vão desde mentiras quanto à negociação feita, até calúnias quanto a minha pessoa. 

Audiências, testemunhas... e a juíza leiga que dirigia a sessão nada entendia do que estava acontecendo, porque sequer leu o processo e, finalmente, INDEFERE minha solicitação que obriga as partes a darem conta dos documentos do meu carro. Acreditou ela, sem provas, naquilo que a testemunha, o despachante responsável pela tramitação dos documentos, alegou: os documentos estão no processo no Detran de Vitória e caminhando para a liberação. Em sua douta sentença , a juíza leiga julga improcedentes os pedidos formulados  e quanto aos danos morais pleiteados afirma que “não se vislumbra nenhuma conduta capaz de ofender os direitos da personalidade, não havendo nenhuma conduta ilícita por parte das rés, apta a gerar indenização por danos morais.” 

Ficando o dito pelo não dito, continuo sem a documentação do carro e pagando em dia o financiamento de um carro que, a rigor, não me pertence.

E vem a pergunta: quem me protege da JUSTIÇA?

Caso II
Conta encerrada num dos Bancos de renome da cidade. Documento de encerramento nas mãos e sou surpreendida em uma loja da cidade com uma negativa a um crédito porque este mesmo banco lançou meu nome na lama do Serviço de Proteção ao Crédito(SPC) e do Serasa. Envergonhada, saio da loja, num sexta-feira à noite, e amargo um fim de semana, aguardando ansiosamente pela segunda-feira, quando resolveria o problema. Segunda -feira chega e passo na CDL da cidade onde apanho uma comprovação de meu nome na lista dos inadimplentes do SPC. 

Dirijo-me ao banco, onde me enchem de desculpas infundadas e chegam à conclusão de que houve “um equívoco” e, na verdade, é o banco quem me deve uma quantia relativa a uma aplicação feita há alguns anos. 

Saio dali para entrar com uma ação contra o banco na crença de que cabe à “justiça” penalizar a Empresa pelos danos causados.

Audiência de conciliação marcada. Acordo feito e nunca vi a cor do dinheiro. O banco não cumpre o prazo de pagamento e, pasmem, o processo some dentro do cartório e até hoje não tenho solução do caso. O “chefe” do cartório, como o chamam, disse a mim, sem nenhum pudor e com a irritação e descaso com o público que lhe é peculiar: “ isso é o fato mais comum de acontecer por aqui. Temos milhares de processos aqui e muitos podem sumir.” Promete procurar e isso se arrasta já por uns bons meses. Ninguém dá definição de um processo perdido num cartório dentro do Fórum de Campos, no 2º cartório onde tramitam processos do Juizado de Pequenas Causas.

Retorno à pergunta: QUEM NOS PROTEGE DA “JUSTIÇA?

Observação: Os leitores deve se perguntar por que não “dou nomes aos bois”. Que pergunta inocente!  Não seriam capazes os acusados por mim de alegar calúnias e difamação e eu ainda ter que responder por isso nesta justiça, injusta e incapaz?
 Que mundo é esse? Que valores são esses? A quem entregamos nossas mazelas e injustiças?"

13 comentários:

Anônimo disse...

Fizeste bem em não nomear os bois. Certamente tirariam de ti algum dinheiro a título de dano moral. Quanto à instituição que colocas em letras maiúsculas, não desanime, mas sugiro a grafia com a pequenez que ela merece pois é o que tem demonstrado aos brasileiros.

Alex disse...

Para tentar amenizar tantos erros, sugiro que a senhora formalize uma reclamação junto a ouvidoria do tribunal de justiça, no próprio site do tribunal, narrando o fato de o processo estar sumido, inclusive o tratamento dispensado pelo chefe de cartório. Tem funcionado. Realmente lamentável. Alex.

Anônimo disse...

Pode fazer isso com relação à ouvidoria, mas seria mais efetivo se representasse ao CNJ (conselho nacional de justiça) no que diz respeito ao "sumisso" de autos.

Anônimo disse...

Ofender funcionário público é crime, porém ser ofendido por eles é quase rotina.
Juízes e/ou promotores despreparados, imcompetentes, com excessivos e exarcebados egos, é o que mais vemos por aí . Se não existir ainda outros Motivo$$$ para tamanha conivência.

Palpiteiro disse...

Comentar ou falar sobre processos sem ler os autos é um perigo.

Por mais legítima que seja a pretensão, é a Justiça quem decide, essa é a regra! Isto civiliza conflitos.

Não dá para emitir opiniões apenas pelo que diz a parte autora.

Há alguns problemas na versão dela, vamos lá:

O DUT, documento único de transferência não é de porte obrigatório, logo, a sua ausência não a impede de trafegar.

O DUT só deve ser entregue com a quitação do bem para a sua transferência.

O CRLV(certificado de registro e licenciamento veicular)este sim, de porte obrigatório, pode ser atualizado sem que o DUT esteja na posse da autora. Ainda mais se o veículo é emplacado no ES, onde não se exige vistoria.

Outro problema:

Se a professora é desta cidade, por que os documentos estariam no ES? A não ser que ela possua domicílio naquele Estado(o que é possível), não há motivação para este fato, senão o bom e velho truque do emplaca lá e paga menos.

Enfim, no meu raso entender, a financeira(antiga proprietária) não é obrigada a gerar o documento(a cargo do DETRAN), mas sim fornecer a carta de anuência(quitação do empréstimo), logo, se há a carta de anuência (baixa da alienação)poderá a cliente providenciar a transferência do veículo, juntando ao seu (novo)pedido a cópia do contrato e o documento de quitação, pleiteando uma simples obrigação de fazer.

Anônimo disse...

Roberto, temos aí um dois exemplos de como sofrem partes e advogados nos longos corredores de um Forum, de fato, os doutos juízes não têm - com raríssimas exceções - sensibilidade para tratar da coisa alheia, já que o perigo de demora não é com o bem deles. Lamentável a atuação de alguns magistrados do TJ em Campos, passei por idêntica situação quando tive que peregrinar pelo Forum procurando um juiz de apreciasse uma tutela onde recebi igual resposta. Concordo com o Alex, a Maria Lúcia deverá formalizar uma reclamação junto a ouvidoria do TJ (desaparecimento dos autos) e recorrer inominadamente.

Anônimo disse...

Existe uma forma de se libertar dessa Justiça Tupiniquim, dessa Ditadura econômica e desses burocratas responsáveis pela transferência.
1 - Procon nem se comenta... Total incompetência para lidar com essas questões.
2 - A Justiça, principalmente a soberba da nossa cidade, só serve para quem quer desenvolver a qualidade da paciência. O resto é perda de tempo.
3 - Compra de carro usado - Antes de comprar, peça os documentos do carro para verificar o nada consta e só pague na hora da assinatura dos documentos e imediatamente vá ao cartório com o vendedor para registrar a transferência, pague o DUDA de transferência e agende pelo 0800. (no caso para quem esta vendendo deve fazer a comunicação de vendas). Não dê ouvido a donos de agências e nem vendedores, pois tem muita gente boa por ai, mas as maiorias não são disciplinadas para isso.
4 - Se liberte da Ditadura Econômica de ter que ser Um Eterno Endividado. Se todos pudessem comprar a vista, a Dilma poderia abaixar ou Subir os Juros para fingir que esta crescendo, que não ia fazer a menor diferença. Não teríamos que nos sujeitar a podridão da nossa justiça tupiniquim e te dá uma assertividade de só pagar se tiver tudo OK.
5 – A fórmula usada pelos bancos são ilegais desde 1933 (Decreto 22.626 e súmula 121) e esse néscios julgadores não fazem nada para impedir de forma preventiva, os peritos contratados pelos juizes são burros demais para entender a diferença do juro simples e do juro composto.
6 – Faça parte do pequeno grupo dos consumidores livres, se liberte. Receba seus proventos e compre o que precisa e não o que já comprou. Você nunca mais vai precisar dessa soma de podridão.

Anônimo disse...

Só uma pergunta. Se vc mora em Campos, o que o DETRAN do ES tem com isso ?

A justiça poderia também fazer algo contra as centenas de placas do ES circulando pela cidade. Pura sonegação fiscal.

Anônimo disse...

Juíza leiga? Isto sugere audiência de conciliação e não audiência de instrução e julgamento quando o Juiz de direito prolata a sentença.

Serventuários como o próprio nome indica "servem a Justiça, aos jurisdicionados (nós)", mas mtos deles se esquecem disto.

Todas as demais perguntas pertinentes já foram apostas acima, principalmente que não podemos opinar sem olhar os autos.

Anônimo disse...

Gostei muito, dessa postagem,aconteceu tb comigo unm processo indeferido por um juiz,de uma coisa que estava completamente a meu favor,e diante dessa resposta do Alex ,agora sei que providências tomar.

Anônimo disse...

Estamos abandonados. O Poder judiciário é uma casa de orgulhosos e prepotentes, operando em função de altos salários, poucos dias de trabalhos e muito, mas muita impáfia e arrogãncia por arcaicos títulos de "nobreza" que só servem para massagear os pobres e involuídos egos. Ainda não descobriram (de verdade) qual a verdadeira razão daquela casa existir e funcionar. Uma vergonha...

Anônimo disse...

Com a palavra o MP em relação ao golpe relatado,quanto ao processo ,esqueça,a justiça de campos e de todo pais e compravel ,e digo aqui todas as instancias desde a politica ate passandoo pelas mais usadas ate a justiça militar,a soluçao ainda é o povo se rebelar e demostrar sua insatisfação com violência,ai vira noticia e as instancias superiores tomam alguma medida ,que na verdade continua nao resolvendo mas mostramos nossa insatisfação,esses golpista é muito facil acabar com isso,alguns merecem realmente a morte ,quando isso acontecer vamos ter um pais melhor,morte aos bandidos de toga,morte aos bandidos de colarimho branco ,azul,vermelho e outros.

Maria Lúcia disse...

Caros
Sou a Maria Lúcia e quero esclarecer alguns palpites e comentários feitos aqui no que diz respeito à origem do carro. O carro é do ES porque , quando eu o comprei era de lá e estou, se ainda não fui bastante clara, tentando transferir para o meu estado e para o nome da financeira alienado a mim, há 4 anos. Daí o processo.
Agradeço a todos as postagens de solidariedade, servindo para um consolo: não estou sozinha nessa, infelizmente.
Maria Lúcia