quinta-feira, abril 16, 2009

Um campista cruzando a América sobre duas rodas

Quando escreveu em 1872 um de seus principais títulos, Julio Verne por certo não previra que uma volta ao mundo um dia poderia durar alguns poucos dias. A narrativa gostosa de sua ficção realística, hoje ainda mais real porque factível, despertou inúmeras pessoas a realizar proeza igual ou parecida. E se a modernidade confere conforto e facilidade, também cobra o preço de retirar um pouco da vivência que a morosidade daquilo que é antiquado reservava. Então há quem prefira cruzar o globo, parte dele ou apenas uma simples viagem dispensando agências, reservas em hotéis, caminhos e rotas usuais e até meios de transporte convencionais.
Essas situações que merecem registro e quase sempre se materializam em publicações posteriores, hoje, com o advento da modernidade e do fenômeno dos blogs podem ser vividas em conjunto com quem vivencia, no calor do momento, quase em tempo real.
Essa é a aventura em curso protagonizada pelo casal Gustavo Teixeira e Danielle Borges. Gustavo tem 32 anos, nascido e criado em Campos, torcedor do Goytacaz e freqüentador dos carnavais do Batello´s, em Santa Clara, é jornalista, formado pela UERJ, motivo pelo qual deixou a cidade nos idos de 1996. Os desenganos com a profissão o levaram a tentar a vida em solo estadunidense em 2003, onde morava parte de sua família, mas o gosto pela aventura é nato. Em 2006, Gustavo cruzou sozinho, de bicicleta, 5800 quilômetros: de Boston a Califórnia, num total de 45 dias “pedalados”.
Assim, o que causa estranheza e curiosidade para a maioria das pessoas, convencionais e pouco afeitas à adrenalina, certamente já virou rotina para os familiares e amigos, que só têm a guardar a preocupação comum.
Nessa nova empreitada, em conjunto da namorada, Danielle, Gustavo encara o desafio de cruzar a América: saindo de Boston até chegar ao Rio de Janeiro, de moto.
A viagem teve início em 14 de março e tem previsão inicial de 90 dias. Como já publicado pelo Gustavo em seu blog é possível que se estenda por conta de dois fatores: por não terem levado em consideração as paradas constantes necessárias para quem viaja de moto e por, talvez, dependendo das circunstâncias, deixarem de entrar no Brasil quando chegarem à Bolívia e resolvam dar uma esticadinha até a Argentina. Todas as cidades que foram visitadas e a rota seguida pelo casal são marcadas no Google Maps, clique e veja aqui.
Dentre as curiosas histórias vivenciadas e publicadas no blog até agora, está a de um encontro furtivo ocorrido ainda em solo estadunidense. É a do motoqueiro Olen Bishop, 73, que morou em Macaé por 13 anos quando trabalhou pela Petrobrás: “E, para finalizar, o melhor da viagem: no meio do nada no Mississipi, esbarramos com um senhor de 73 anos, montado também numa moto e interessado em saber da nossa viagem. Nada de novo sobre as pessoas que nos perguntam sobre nosso destino durante nossas paradas. Mas, dessa vez, a surpresa foi saber que esse mesmo senhor, praticamente banguela, tinha morado em Macaé por 13 anos quando trabalhava para a Petrobrás. E o mais engraçado foi que, depois de afirmar que o Brasil, definitivamente, era o melhor país que havia conhecido, Olen Bishop, como se chamava, soltou a seguinte pérola: as mulheres no Rio sao tão doces que todos os meus dentes se estragaram!!!! Morremos de dar risada!
Outras histórias, impressões e dicas para quem tenha vontade de realizar viagem parecida, outras fotos magníficas da passagem pelo México e o diário dos 31 dias já passados podem ser acompanhadas diretamente no blog do casal: http://oglobo.globo.com/blogs/viamerica/ .
Estranho ou não, por mais casmurro que seja o sujeito, como o era o personagem ficcional de Verne, viagens despertam desde sempre curiosidade, senão em fazê-las, então de conhecer suas histórias. E não faltarão muitas delas “viamérica”.

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